Título: Companhias driblam real valorizado
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2006, Empresas &, p. B2

Balanços Sadia aumentou o lucro em 2005 com operações financeiras

Em 2005, um seleto grupo de empresas conseguiu obter um resultado maior tanto por causa da melhora operacional quanto na última linha do balanço, driblando os efeitos cambiais. O setor de alimentos e bebidas teve dois destaques: AmBev e Sadia. Ambas venderam mais, tiveram uma atividade mais lucrativa e ainda exibiram um resultado líquido mais vigoroso. Ao vender mais cerveja e refrigerante, a receita líquida da AmBev cresceu 32,9%, para R$ 15,9 bilhões. O lucro da atividade saltou 47%, e o líquido, 25,9%, para R$ 1,54 bilhão. Já a Sadia exibiu um lucro líquido de R$ 657,3 milhões ante R$ 438,7 milhões, com um empurrão do próprio câmbio. O frigorífico teve em 2005 um ganho financeiro de R$ 235,9 milhões enquanto em 2004 tinha tido uma despesa de R$ 32,6 milhões. A empresa tem como política fazer uma proteção financeira contra o impacto que a variação cambial pode ter nas exportações, por isso essa receita extra. "O objetivo não é nem ganhar nem perder com o câmbio. É apenas neutralizar os efeitos da moeda na operação", explica Luiz Murat, diretor de finanças da Sadia. Do lado operacional a companhia também se esforçou para obter um melhor resultado ao reduzir as despesas. Por isso o lucro da atividade da Sadia cresceu 6%. Apesar de no período de desvalorização do real as empresas terem usado bastante instrumentos financeiros para proteger suas dívidas em dólar, ainda são raros os casos de empresas exportadoras que mitigam o efeito do câmbio em suas atividades. De acordo com Fábio Zagatti, analista de investimentos da HSBC Corretora, a saída para setores menos intensivos em capital têm sido buscar parcerias internacionais para ganhar escala e também passar a produzir em outros países. É o caso da Santista Têxtil, que anunciou uma fusão com a espanhola Tavex. Ou da Coteminas, que uniu seus ativos aos da americana Springs.