Título: Ouro Fino aposta nas exportações para crescer
Autor: Marli Lima
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2004, Empresa, p. B6

A envasadora de água mineral Ouro Fino está revendo sua estratégia de vendas. Enquanto reduz a presença nas prateleiras de supermercados de São Paulo e Rio de Janeiro, planeja aumentar os embarques para os Estados Unidos e iniciou negociações para chegar aos consumidores da África e da Austrália. A intenção da empresa paranaense para 2005 é ampliar as exportações dos atuais 2% para 5% do faturamento. A marca Ouro Fino é líder individual no mercado e responde por cerca de 3,5% das vendas. A Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) estima em 400 o número de envasadoras no país e a concorrência tem forçado a redução da lucratividade. "Água mineral hoje não é um bom negócio no país", diz o presidente do Conselho de Administração, Guto Mocellin. Apesar disso, ele informou que tem resistido ao assédio de empresas interessadas na Ouro Fino. A busca por novos mercados foi intensificada após 2002, quando a empresa conseguiu o selo NSF (National Sanitation Foundation). No mesmo ano foi firmada uma parceria com a Sadia, para aumentar as vendas no Brasil e iniciar exportações para o Oriente Médio. Hoje cerca de 10% do total envasado sai com o rótulo da Sadia, mas a experiência internacional com a marca não tem evoluído. "Os custos com fretes para aquela região aumentaram muito", explica. A redução da presença no Sudeste começou há um ano. Mocellin afirma que engarrafadoras estão vendendo em São Paulo com preços abaixo do custo. "Mais de 40% das empresas de água mineral estão trabalhando com prejuízos", diz. O faturamento esperado pelo setor em 2004 é de R$ 540 milhões, 8% maior que o obtido em 2003. A Ouro Fino vai colocar no mercado 155 milhões de litros, 5% mais que no ano passado. Cerca de 85% do total será vendido na região Sul, onde ela é líder com 35% das vendas - os diretores garantem que no Paraná ela detém 67% do mercado. Para enfrentar a concorrência, a empresa investiu este ano R$ 1,1 milhão no desenvolvimento de embalagens, equipamentos de laboratório e sistemas de controle de qualidade. As maiores apostas para aumentar as vendas estão na nova embalagem de cinco litros, azul escura e em formato de moringa, que começará a ser vendida na próxima semana, e no sistema Clean, com tampa e suporte que mantém o lacre do garrafão mesmo depois de aberto. Mocellin diz que as inovações foram motivadas pela necessidade de sobreviver no mercado. Mas o pessimismo é espantado também com a expectativa de aumento nas vendas de produtos funcionais. Em vez de demonstradoras, a Ouro Fino colocará nutricionistas em supermercados para explicar os benefícios da água para o corpo.