Título: Petros terá mais ações e título privado
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 27/03/2006, Finanças, p. C8

Investimentos Fundo de pensão busca alternativas à queda do juro

A Petros, fundo de pensão dos petroleiros e segundo maior do país, quer aumentar sua carteira de ações e títulos privados, como forma de buscar ganhos diferenciados por conta da queda nas taxas de juros. Nos últimos três anos, a fundação já reduziu em dez pontos percentuais sua carteira própria de títulos públicos e elevou em de 13% para 28% a parcela de renda variável. A carteira de títulos privados vem sendo fortalecida nos últimos dois anos, com a inclusão de recebíveis e outros instrumentos, como Cédulas de Crédito Bancário (CCB). "Contando com os CDBs que estão em fundos, já temos R$ 1,2 bilhão em títulos privados", diz o presidente da Petros, Wagner Pinheiro. "A tendência é que essa parcela aumente." Pela política de investimento estabelecida para o período 2006/2010, a Petros está na faixa mínima de aplicação prevista para ativos como o CRIs, debêntures e FIDCs, que podem chegar a representar entre 4% e 5% do portfólio. Esses segmentos que serão enfatizados pela fundação já foram os responsáveis pelos melhores ganhos no ano passado. A Petros fechou 2005 com uma rentabilidade de 20%, superando a meta atuarial de IPCA +6% (12,35%). Mas o superávit técnico gerado, de R$ 845 milhões, vai servir para abater o déficit atuarial acumulado, que passa agora a ser de R$ 4,361 bilhões, segundo dados da Petros. O fundo de pensão fechou 2005 com uma carteira de investimentos de R$ 27,3 bilhões, enquanto no fim de 2004 o valor era de R$ 23,8 bilhões. O maior ganho da Petros no ano passado foi gerado pela carteira de participações, que faz parte do segmento de renda variável e teve alta de 35,6%. A carteira total de renda variável subiu 34,83%. O segundo maior ganho foi obtido com os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), que ofereceram 21,53%. O segmento de renda fixa como um todo rendeu 14,35% e o de participações imobiliárias, 18%. Wagner Pinheiro lembra que a parcela em títulos públicos já tem um perfil bastante alongado e por isso a estratégia principal para aumentar os ganhos daqui para frente é a diversificação cada vez maior no setor privado. Uma das aplicações que a fundação estuda no momento é no setor de energia elétrica. "Infra-estrutura e setores ligados a este são do nosso interesse. Estamos avaliando uma operação com Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) para financiar pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), no valor de 150 milhões", diz Pinheiro. No segmento de infra-estrutura já foram aprovados investimentos de R$ 225 milhões no fundo do BID (InfraBrasil); R$ 187 milhões para outro fundo, da Andrade Gutierrez; e mais R$ 185 milhões no FIP Brasil Energia. "A maior parcela desses montantes ainda não foi efetivamente aplicada, seja porque os fundos estão em fase final de formatação ou porque os projetos estão sendo selecionados", diz Pinheiro. Ele avalia que boa parte dos recursos será aplicada este ano. Outro segmento no qual a Petros passou a investir é o dos fundos de participação e capital de risco. Foram aprovadas aplicações de R$ 70 milhões. Segundo Pinheiro, nos últimos três anos, a Petros conseguiu acumular ganho de 79,5% com os investimentos, enquanto a meta atuarial no período foi de 49,13%. No entanto, no fim de 2004, o fundo fez uma revisão das suas premissas atuariais, atualizando a tábua atuarial (que estima a longevidade dos participantes que receberão benefícios), as projeções de inflação futura e o índice de rotatividade de funcionários nas patrocinadoras, entre outros itens. Com o ajuste, o fundo acumulou um déficit atuarial de R$ 5,2 bilhões no fim de 2004 e que foi amenizado com o resultado de 2005. De acordo com o presidente da Petros, a fundação tem adotado também uma política de redução dos custos administrativos, que caíram do patamar de R$ 89 milhões, em 2002, para R$ 79,2 milhões no ano passado, de acordo com dados da entidade. "Também temos buscado administrar novos fundos, de outras categorias, hoje já funcionamos como um fundo multipatrocinado", diz ele. Nos últimos três anos, a Petros aumentou sua base de contribuições com 3 mil novos participantes.