Título: Banco oferecia alto retorno
Autor: Cláudia Schüffner e Janaina Vilella Do Rio
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2004, Finanças, p. C8

O Banco Santos seduzia as prefeituras do interior do país com um pacote que parecia o sonho de qualquer investidor: cobrava pequenas taxas de administração, isentava os municípios do pagamento pela operação com títulos públicos e ainda garantia retornos atraentes. Com isso, esses municípios, sem nenhuma tarimba na gestão de recursos previdenciários, tomavam como referência dados como os balanços do banco, sua classificação de risco pelas agências de "rating" e a performance que o colocava no topo do ranking de gestores. Agora, todos esperam que o BC entenda que esse é um dinheiro público destinado ao pagamento de pensões, liberando esses recursos. Soares Filho, da Anemprev, defende que a partir da intervenção no Santos, "as prefeituras possam criar fundos exclusivos", o que, segundo ele, vai depender de permissão do Conselho Monetário Nacional (CMN). Todos os gestores terceirizados disseram que o Banco Santos tinha uma imagem sólida. "O Banco Santos era muito forte na gestão de ativos previdenciários. Era o primeiro banco privado em captações, com ação muito forte em congressos e com balanços que mostravam solidez. Para nós foi uma surpresa", disse Édson Jacinto da Silva, da Agenda Assessoria, de Mato Grosso. Silva explicou que o Santos propunha administrar os títulos públicos adquiridos pelas prefeituras "sem cobrar nada". Como se tratava de municípios pequenos, essa era uma vantagem importante. "Em troca, os municípios tinham que investir no banco, que pagava taxa muito boa, de 105% do CDI, enquanto a Caixa pagava 99% ou 100%", conta Silva, admitindo que não conhecia a composição da carteira dos fundos. "Não sabíamos que essas empresas (que constituíam a carteira dos fundos) eram micadas."