Título: Petrobras reajusta preços e reduz defasagem com o exterior
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 26/11/2004, Brasil, p. A-4

A Petrobras anunciou ontem um reajuste dos preços da gasolina e do diesel. Foi o terceiro aumento dos preços da estatal este ano e também no governo Lula, já que no ano passado a empresa reduziu seus preços de realização. Com o reajuste, válido a partir da madrugada dessa sexta-feira, a gasolina subiu 4,2 % e o diesel aumentou 8%, já considerados os impostos. Para o caixa da estatal, contudo, o reajuste é maior, de 7% na gasolina e de 10% no diesel. Isso acontece porque dois impostos incidentes sobre a venda (a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico-Cide e PIS-Cofins) são valores fixos em reais e por isso reduzem percentualmente o preço aplicado na venda para as distribuidoras. A empresa não estimou o aumento ao consumidor. As análises indicam que nos postos os aumentos devem ficar entre 2,5% e 3,0% para a gasolina e entre 6,0% e 6,5% para o diesel. O Sindicato dos Postos de Combustíveis do Estado de São Paulo espera um repasse maior: 5,2% na gasolina e 10% no diesel. Os economistas que acompanham os preços internacionais de combustíveis ficaram divididos quanto à diferença dos preços da estatal em relação aos do mercado internacional. Com relação ao preço da gasolina, os cálculos variam de defasagem a preço interno mais elevado. Os economistas da Rosenberg & Associados estimam que a defasagem caiu de 22,8% em outubro (após o reajuste dado naquele mês) para 3,6%, após o aumento que vigora a partir de hoje. Já o economista Rafael Schechtman, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) calcula que a situação se inverteu: agora o produto está 6% mais caro no Brasil do que no mercado internacional. Antes do aumento anunciado ontem, a situação era inversa, com o preço da gasolina no mercado interno estando 1% abaixo do mercado internacional, sempre tomando como referência a paridade de exportação desse combustível com o Golfo do México, diz ele. Com relação ao diesel, há consenso de que a defasagem se mantém. Schechtman calcula que ainda há uma diferença de 10% no preço do diesel, que continua vendido abaixo do preço do mercado internacional. Caso os postos de combustíveis não elevem suas margens médias e a cotação do álcool se mantenha estável, a previsão de Schechtman é de que os preços do diesel para o consumidor subam 6,3% nas bombas em São Paulo, e que a gasolina suba 3,1%. Na contabilização do CBIE, iniciada em janeiro de 2003, a defasagem acumulada nos preços da Petrobras - em dinheiro e antes do aumento anunciado ontem - era de R$ 1,3 bilhão, negativos. Com o aumento, a defasagem ainda deve permanecer, já que o diesel ainda está com preço baixo. A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse, em Tucuruí, que o aumento dos combustíveis foi o último do ano. A ministra afirmou que foi informada ontem do aumento pelo presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra. Segundo ela, o reajuste foi necessário por conta da alta do preço do petróleo no mercado internacional, que tem variado entre US$ 40 e US$ 45 o barril do Brent. Dilma disse ainda que os preços dos combustíveis não devem sofrer reajuste no início de 2005.