Título: IPC da Fipe desacelera sob impacto de alimentos
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 26/11/2004, Brasil, p. A-4

A inflação na cidade de São Paulo desacelerou para 0,57% na terceira quadrissemana de novembro, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Na medição anterior, a alta tinha sido de 0,62%. A variação negativa nos preços dos alimentos e a desaceleração do aumento do vestuário ajudaram a equilibrar o impacto do reajuste de combustíveis. Nesta quadrissemana, o grupo alimentos registrou deflação de 0,17%, frente elevação de 0,07% na anterior. De acordo com Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa de preços da Fipe, isso ocorreu pois tanto os alimentos in natura quanto os industrializados estão em movimento de queda. "A tendência é de desaceleração do aumento desses itens, pois a expansão do consumo não tem ocorrido com grande intensidade", afirma.

Já o reajuste realizado em outubro pela Petrobras nos combustíveis ainda teve influência sobre essa quadrissemana, mas menor do que a verificada na segunda. A alta do grupo transportes ficou em 1,67% na terceira medição de novembro, frente 1,72% na anterior. A gasolina contribuiu com 0,09 ponto percentual no total do índice de preços ao consumidor (IPC). O impacto do diesel ficou em 0,07 ponto percentual. Os custos das despesas pessoais também foram ponto de pressão na inflação medida pela Fipe. A principal influência foi a alta de 3,33% no preço dos cigarros, que significou 0,05 ponto percentual no índice total. Até o final do mês, a expectativa é de que esse produto suba ainda mais e chegue a pesar 0,08 ponto percentual no IPC. Por outro lado, os gastos com saúde ficaram menores e passaram de uma variação de 0,42% para 0,32%. O mesmo ocorreu com vestuário, que foi de 0,76% para 0,43% . O grupo educação manteve-se estável em 0,07%, enquanto habitação caiu de 0,71% para 0,55%. Picchetti prevê uma inflação de 0,6% em novembro. Para o acumulado do ano, espera alta de 6,5%. Antes, a expectativa oscilava entre 6% e 6,5%. No entanto, o novo reajuste nos combustíveis autorizado ontem pela Petrobras fez o economista rever expectativas. Em dezembro, o IPC já começa com 0,23 ponto percentual, sendo 0,11 decorrente do impacto direto da alta de gasolina e diesel, e 0,12 ponto dos efeitos indiretos. "São os impactos que ocorrem em toda a cadeia de transportes e se refletem no aumento dos fretes", explica.