Título: País será afetado, diz Meirelles
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 28/05/2010, Economia, p. 15

CRISE GLOBAL

Presidente do BC admite que as exportações brasileiras para a Zona do Euro vão diminuir. Ele avisa que o banco agirá, se for preciso

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, admitiu ontem, em Londres, que o Brasil não passará ileso à crise da Zona do Euro. Segundo ele, as exportações brasileiras para aquela região deverão diminuir, o que contribuirá para aumentar o deficit nas contas externas neste ano. Para Meirelles, mesmo que o Brasil esteja melhor preparado para enfrentar as turbulências externas, certamente sentirá algum impacto, sobretudo porque a Europa é o maior mercado para os produtos vendidos pelo país. ¿As exportações podem cair um pouco para a Europa e outros países que exportam para a Europa¿, afirmou o presidente do BC. ¿A crise da Zona do Euro está, definitivamente, tendo um impacto¿, emendou. Ele ressaltou, porém, não ver a possibilidade de se repetir um quadro tão ruim como o visto em 2008, quando estourou a bolha imobiliária americana. ¿Mas, mesmo se ficar tão ruim quanto em 2008, o Banco Central tem todos os instrumentos prontos para agir¿, avisou.

Taxação Em encontro com investidores, ele comentou sobre a proposta da União Europeia de criar um imposto sobre os bancos para inibir capitais especulativos e criar um fundo que seria acionado em tempos de crise. Esse tema, afirmou Meirelles, deverá ser discutido em Seul, na Coreia, na reunião de ministros das Finanças do G-20, o grupo das 20 nações mais ricas do mundo. A seu ver, será difícil o tributo de ser implantado globalmente. ¿Eu acho que é algo complexo para se cobrar globalmente. Nacionalmente, é possível¿, disse. Meirelles lembrou que, no Brasil, já há um imposto sobre a entrada de capital para investidores que vão para o mercado financeiro. ¿O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) corresponde à sua proposta, mas foi feito sob medida. Um imposto global é uma questão a ser discutida. Como se sabe, o diabo mora nos detalhes¿, acrescentou. A Alemanha é a maior defensora do imposto sobre os bancos e a França, a maior opositora.