Título: Nova estratégia
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 28/05/2010, Mundo, p. 20

O governo de Barack Obama abandonou oficialmente o termo mais característico da política externa de George W. Bush. A partir de agora, os Estados Unidos não utilizarão mais a expressão ¿guerra ao terror¿, para frisar que o uso da força por si só não pode garantir a segurança do país. ¿Não é uma guerra mundial contra uma tática (o terrorismo) ou uma religião (o islã)¿, especifica a nova Estratégia de Segurança Nacional, apresentada ontem. ¿Nós estamos em guerra contra uma rede específica, a Al-Qaeda, e os terroristas que apoiam seus esforços de atacar os EUA e nossos aliados.¿ O documento, de 52 páginas, foi alvo de intensas consultas nos últimos 16 meses. O texto destaca que os EUA ¿sempre tentarão deslegitimar o uso do terrorismo e isolar aqueles que o praticam¿. O foco principal da nova estratégia é a ¿espionagem¿: ¿Nossa melhor defesa contra essa ameaça reside em famílias, comunidades locais e instituições bem equipadas e informadas¿. A análise destaca a ameaça representada por indivíduos ¿que não têm o perfil tradicional dos terroristas¿, como o jovem nigeriano que tentou explodir um avião em território americano, no Natal de 2009, ou o pai de família americano de origem paquistanesa suspeito de ter planejado um atentado com carro-bomba em Nova York, no último 1º de maio.

Sem ilusão A partir das novas diretrizes, os EUA se propõem a ter como apoio não só a força militar, mas também a diplomacia, os contatos econômicos, a ajuda ao desenvolvimento e a educação. O texto defende, contudo, um enfoque ¿sem ilusão¿ nas relações com os inimigos, como Irã e Coreia do Norte. ¿As duas nações têm uma opção clara. Se ignorarem as obrigações internacionais, utilizaremos vários meios para aumentar seu isolamento e pressionar para que cumpram com as normas de não proliferação (de armas nucleares)¿, afirma o texto. O documento mantém a possibilidade de os EUA empreenderem ações militares unilaterais, porém sob condições mais estritas que no governo Bush, que adotou o conceito de ¿guerra preventiva¿ para justificar a invasão do Iraque, em 2003. Outros alvos da nova doutrina são as crises econômicas e o aquecimento global, vistos como ameaças à a segurança do país.