Título: Carteiras têm captação de R$ 34 bilhões neste ano
Autor: Danilo Fariello
Fonte: Valor Econômico, 28/03/2006, EU &, p. D2

A expansão recente dos fundos de investimento levou o mercado a encostar pela primeira vez na marca recorde de R$ 700 bilhões, segundo cálculos da consultoria Fortuna. De acordo com os dados do site, que considera as carteiras que não mantêm sigilo, na quinta-feira o patrimônio dos fundos era de R$ 697 bilhões. No ano, a captação chega a R$ 34 bilhões. Há 12 meses, os fundos apresentavam patrimônio de R$ 546 bilhões. O volume total cresceu principalmente pela rentabilidade das carteiras, diz Marcelo D'Agosto. "Ela significou ganho de mais de R$ 100 bilhões aos cotistas no período." O restante do crescimento, cerca de R$ 50 bilhões, decorreu de recursos novos que chegaram ao setor. "A forte rentabilidade dos fundos também colaborou com o crescimento dos aportes", diz ele. Para a Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), que engloba todo o setor, o volume total dos fundos é de R$ 787 bilhões, segundo dados do dia 21. O número difere dos dados do Fortuna porque a Anbid considera os fundos que não oferecem informações ao mercado. Praticamente 40% dos novos recursos investidos em fundos de investimento nesse período - R$ 21 bilhões - tiveram como destino as carteiras de renda fixa. Esses fundos tiveram rentabilidade acima dos DI nos últimos meses principalmente por conta do movimento de queda dos juros. "O bom desempenho dos fundos fez com que ele atraísse recursos que estavam investidos em CDBs, por exemplo, e outros ativos", diz Ronaldo Patah, gestor de renda fixa da Unibanco Asset Management (UAM). Esses fundos estão rendendo bem porque refletem a melhora do cenário macroeconômico do país, diz Patah. "Os fundos oferecem um diferencial maior de rentabilidade, que atrai aqueles investidores mais atentos." Isso explica, por exemplo, o fato de os fundos terem sido mais procurados pelos aplicadores de renda mais alta. Segundo D'Agosto, entre os bancos que mais receberam aportes no ano, como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Citibank, foi percebido um fluxo maior para as carteiras com valor mínimo de aplicação acima de R$ 50 mil. Segundo Marcelo Bonini, diretor de ativos de terceiros da Caixa, esse investidor de alta renda continua aproveitando o juro elevado da renda fixa e pode aproveitar mais as vantagens dos fundos. "Ele pode deixar o dinheiro investido por mais tempo e aproveitar a alíquota mais baixa do imposto de renda, de 15%, por exemplo." Essa faixa de investidores é a mais disputada pelos administradores e, portanto, têm apresentado queda nas taxas de administração cobradas. Esse é o público mais afinado com a proposta dos fundos, de oferecer rentabilidade e risco diferenciados, diz Bonini. Os aplicadores de alta renda têm trocado os fundos DI pela renda fixa prefixada, correndo atrás do rendimento mais alto, diz Patah, da UAM. "Além da queda dos juros favorecer os títulos prefixados, os fundos de renda fixa têm investido em papéis que seguem a variação da inflação e que têm apresentado valorização", diz ele. Segundo Patah, todos os fundos de renda fixa da UAM tinham nos últimos meses, e ainda mantêm em carteira, papéis do tipo NTN-B, que seguem a variação do IPCA. Nos últimos 12 meses, os fundos de renda fixa também foram os preferidos para investimentos com finalidade de previdência privada. Por receber mais de R$ 10 bilhões no período, as carteiras de previdência de renda fixa já têm patrimônio total de quase R$ 50 bilhões, segundo o Fortuna. No entanto, o céu não é azul para todos os administradores. Entre os que têm mais resgates no ano, destaca-se o Credit Suisse, que acumula saques líquidos de R$ 569 milhões, ou 15% do patrimônio. Para Mauro Bergstein, chefe da área de gestão do banco, os resgates refletem o rendimento abaixo do CDI neste ano dos fundos Absolut e Long Short. "Acertamos na parte direcional, especialmente em renda fixa, mas fomos mal nas operações de arbitragem de ações." (Colaborou Angelo Pavini)