Título: Deputada explica-se ao Conselho de Ética
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2006, Política, p. A11

A "dança da pizza" tem deixado a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) em situação delicada na Câmara. Na segunda-feira, o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), consultou a corregedoria sobre a dança realizada pela petista na madrugada de quarta-feira, quando da absolvição do colega João Magno (PT-MG) pelo plenário das denúncias de envolvimento com o mensalão. Ontem, ela deu explicações aos colegas do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e ouviu pedidos de afastamento dela do colegiado. Lula Marques/Folha Imagem Ângela Guadagnin: "Já teve deputado agredindo deputada, outro que rasgou a Constituição e outros que usaram palavras de baixo calão. Não foram punidos" Ângela pediu desculpas formais aos colegas. O Conselho havia pedido a cassação de João Magno. "Me deixei levar por um momento de alegria e não podem julgar o meu ato como quebra de decoro", defendeu-se. Ela lembrou casos antigos de excessos cometidos nos plenários do Congresso sem maiores problemas. "Já teve deputado agredindo deputadas. Teve deputado que rasgou Constituição, fumou cachimbo na mesa e usou palavras de baixo calão e não foram investigados nem punidos", argumentou. A parlamentar diz-se vítima de uma perseguição da imprensa por ser "gorda, não pintar o cabelo e ser filiada ao PT". Depois do desabafo de Ângela, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) pediu a palavra e recomendou a saída da colega do Conselho. Para o mineiro, sendo investigada pelo Corregedoria, a parlamentar não poderia seguir no colegiado. Se for considerada culpada, o caso iria para análise do órgão. Ele citou o exemplo de Zulaiê Cobra (PSDB-SP). Tramita contra ela representação do PT. Quando a denúncia foi feita, a tucana deixou o Conselho imediatamente. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) fez coro. "Tenho muito apreço pela deputada Ângela e gostaria de destacar isso. Mas o regimento é claro: quando um integrante é investigado, ele precisa ser afastado. Seria bom que a deputada pedisse o afastamento até que tudo fosse apurado", afirmou. O presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), interrompeu o debate e esclareceu o tema. Disse que Aldo fez apenas uma consulta sobre a atitude da colega, sem pedir investigação. A deputada não precisaria se afastar. Ângela disse que continuará no cargo. Depois do debate sobre a petista, o deputado Mendes Thame (PSDB-SP) leu seu relatório sobre o caso de Josias Gomes (PT-BA). O parlamentar sacou, pessoalmente, R$ 50 mil da conta da SMP&B, de Marcos Valério de Souza, na agência do Banco Rural em Brasília. O tucano pediu a cassação do petista por envolvimento com o pagamento de mensalão. A deputada Neide Aparecida (PT-GO) interrompeu a sessão. Ela deverá recolocar o tema em votação na terça.