Título: CPI descobre mais beneficiados por Valério e adia relatório
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Fonte: Valor Econômico, 29/03/2006, Política, p. A11
Novas suspeitas, rivalidade entre governo e oposição e atraso na redação do texto final fizeram a CPI dos Correios adiar de ontem para hoje a apresentação do relatório final. Foi a segunda mudança de data para a leitura das conclusões a que chegaram os parlamentares sobre as denúncias de pagamento de mensalão a parlamentares pelo governo federal. As novas suspeitas apareceram no início da semana, quando a assessoria do presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS), cruzou alguns dados e descobriu 50 novos assessores parlamentares que receberam recursos das empresas e corretoras ligadas ao mensalão ou estiveram na agência do Banco Rural em Brasília na época da distribuição do dinheiro do valerioduto. Há pessoas ligadas a parlamentares do PMDB, PP, PTB e PT. Essa descoberta fez o texto ser adiado para hoje, quando a relação deverá ser apresentada. Alguns deverão ser indiciados. Outros terão seus nomes incluídos no rol de pessoas a serem investigadas pelo Ministério Público. A disputa entre oposição e governo se refere aos nomes de autoridades a serem colocados no relatório. Os petistas querem colocar o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) entre os indiciados. Há oposicionistas querendo colocar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os responsáveis pelo mensalão. O deputado Maurício Rands (PT-PE), relator -adjunto da CPI, já avisou que poderá apresentar um relatório em separado para ser votado depois do texto oficial do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Se colocar o nome de Azeredo, devemos incluir também o presidente Lula", disse ontem o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O governo queria incluir uma gradação dos envolvidos, dividindo-os entre os investigados e os aqueles a terem os nomes enviados ao Ministério Público. Um dos sub-relatores disse ao Valor que "não haverá gradação. Ou a pessoa é indiciada ou não é. A CPI tem poder para fazer indiciar quem bem entender". Delícidio Amaral aguarda sessão tumultuada. "As visões diferenciadas sobre os saques e a formação de caixa dois e as posições divergentes sobre o foco do mensalão e os indiciamentos" poderão causar problemas na sessão de hoje, avalia o senador. Ele justificou ontem o adiamento da leitura do documento. "O relatório é complexo e o Osmar (Serraglio) está fazendo um trabalho rigoroso. Ele precisou de mais um dia para revisar pontos, olhar algumas questões e trocar informações com a assessoria técnica", afirmou. (TVJ)