Título: Divisão da bancada adia Executiva do PMDB
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2006, Política, p. A12

A partir de um acordo tático entre as alas governista e oposicionista do PMDB, a cúpula do partido decidiu adiar para a próxima semana a reunião da Comissão Executiva Nacional marcada para hoje, que discutiria as alianças estaduais e a conveniência ou não de candidatura própria a presidente da República. Os peemedebistas querem esperar a definição dos ocupantes de cargos públicos que serão candidatos nas eleições de outubro. Eles têm até o dia 31 para se desincompatibilizarem das funções. Uma das expectativas é quanto à confirmação do afastamento da governadora Rosinha Matheus do cargo - o que antes era negado. A desincompatibilização da governadora abre caminho para que o ex-governador Anthony Garotinho, seu marido, dispute uma vaga de deputado federal, em vez de insistir na candidatura a presidente da República pelo PMDB. Com ela no governo, por lei ele só poderia se candidatar a presidente. O adiamento da Executiva foi decidido em reunião na casa do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que, na condução do partido, defende a candidatura própria. Participaram da reunião representantes das duas facções do partido, a favor e contra esse projeto. O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP), participaram da conversa. Na avaliação das lideranças peemedebistas, não faltam razões para adiar a Executiva, que prometia ser uma nova queda-de-braço entre as facções do partido. Um dos motivos é a turbulenta divisão da bancada peemedebista na Câmara dos Deputados. Na semana passada, deputados governistas, de um lado, e aliados de Garotinho, de outro, se atracaram na Secretaria-Geral da Mesa, numa disputa pela liderança. Ganharam os governistas, que conseguiram destituir Waldemir Moka (MS) e reconduzir Wilson Santiago (PB) ao cargo. Ontem, nova confusão. O ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar anulando o processo que reconduziu Santiago, com base em questões regimentais. A bancada não sabia, ontem, quem era o líder. Até às 24h, qualquer um dos lados poderia protocolar nova lista com assinaturas da maioria absoluta da bancada -o que seria suficiente para escolher novo líder. A escolha é fundamental para a escolha dos presidentes das comissões temáticas da Câmara, que são indicados pelos líderes. A eleição das comissões, já adiada uma vez, está marcada para hoje, mas, diante da confusão, pode ser novamente adiada. Além disso, o líder integra a Executiva Nacional e, como as decisões nessa instância do partido são sempre muito apertadas, um voto pode ser decisivo.