Título: Presidentes dos tribunais superiores vão às urnas
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2006, Política, p. A12

Os dois principais tribunais do país passarão por importantes trocas de comando entre hoje e amanhã. No Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), saem presidentes com perfil político e entram ministros com perfil técnico. Ruy Baron/Valor - 7/12/2005 Nelson Jobim: ficha de filiação ao PMDB está pronta para ser assinada no diretório de Santa Maria, sua cidade natal O presidente do STF, ministro Nelson Jobim, vive hoje o seu último dia no tribunal. A sua aposentadoria deverá ser publicada amanhã no "Diário Oficial". E o presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, deixa hoje o cargo. Os dois saem de tribunais para se candidatarem. E ambos serão substituídos por juízes de carreira. No lugar de Jobim, a ministra Ellen Gracie assumirá o comando do STF. No lugar de Vidigal, assumirá o ministro Barros Monteiro. Ellen foi presidente do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre. A ministra tem um perfil técnico: integrou o Ministério Público entre 1973 e 89 e, desde então, assumiu cargos na magistratura. Barros Monteiro é juiz desde 1965. Processualista, é considerado, por assessores, mais juiz do que administrador. A posse de Barros Monteiro está marcada para o próximo dia 5. Ellen não anunciou a data de sua posse, mas a expectativa é que ocorra no fim de abril. Jobim ainda não revelou o cargo que pretende disputar nas urnas de outubro, mas é possível que saia como candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Ele deverá se filiar ao PMDB, partido pelo qual foi eleito deputado federal constituinte, em 1986. Jobim conta com o apoio do atual governador gaúcho, Germano Rigotto, para sucedê-lo no cargo. O ainda presidente do STF também pode se candidatar a deputado. A ficha de filiação de Jobim está pronta para ser assinada no diretório de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul. Vidigal será candidato ao governo do Maranhão pelo PSB, numa coligação com PT e PCdoB. Indicado por José Sarney para a vaga de ministro do STJ nos anos 80, Vidigal será candidato em disputa com a senadora Roseana Sarney (PFL). Observadores das eleições locais chegaram a cogitar que a estratégia de Vidigal seria a de tirar votos da oposição à Roseana no estado e ajudar a família Sarney nas eleições. Mas, assessores de Vidigal dizem que, mesmo sendo um amigo antigo de José Sarney, Vidigal entra na disputa para ganhar. Ele é natural de Caxias, o terceiro colégio eleitoral do estado, e convidou para vice, a petista Terezinha Fernandes, de Imperatriz, segundo colégio do Maranhão. Não quer criar atritos com a família Sarney, mas pretende vencer as eleições em outubro.