Título: Refinaria do Rio será em Itaboraí
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2006, Empresas &, p. B11

A Petrobras e o grupo Ultra deverão ter como sócio apenas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na construção da refinaria petroquímica de Itaboraí, central de matérias-primas do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, anunciado ontem oficialmente, na sede da estatal. "Não estamos procurando novos sócios", disse ontem o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, após o anúncio. A estatal ainda não assume, mas deseja ser majoritária, enquanto o grupo Ultra prefere uma divisão por igual com a Petrobras, ficando o BNDES com uma fatia menor, a definir. Nelson Perez/Valor Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, disse ontem que não está procurando novos sócios para o projeto O complexo, incluindo a segunda geração de produtos (resinas petroquímicas), terá pelo menos oito fábricas, segundo o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, responsável pela apresentação do projeto. Elas serão distribuídas por um terreno de 20 milhões de metros quadrados em uma área hoje rural do município de Itaboraí, na região metropolitana da capital, entra as bacias dos rios Macacu e Casseribu. Gabrielli disse que o terreno ainda não foi comprado. O cronograma do projeto prevê início de obras em 2007 e operação no final de 2011. O valor da refinaria, inicialmente estimado em US$ 3 bilhões, foi anunciado oficialmente como de US$ 3,5 bilhões, o que pode elevar os investimentos na primeira e na segunda geração para até US$ 7 bilhões, já que o conjunto de fábricas de resinas está estimado entre US$ 3 bilhões e US$ 3,5 bilhões. Com a terceira geração, que é a fabricação dos produtos finais de matérias plásticas, a Petrobras estima que os investimentos totais no complexo deverão ultrapassar os US$ 10 bilhões. A refinaria vai utilizar 150 mil barris diários de petróleo pesado (viscoso, com 19,6 graus API, a medida oficial de densidade de petróleo) do campo de Marlim (bacia de Campos, RJ) para produzir, por ano, aproximadamente 1,3 milhão de toneladas de eteno, 900 mil toneladas de propeno, 360 mil toneladas de benzeno e 700 mil toneladas de paraxileno, todas matérias-primais básicas da cadeia petroquímica. Além disso, a refinaria vai gerar 13 mil barris/dia de óleo diesel, 5 mil barris de nafta e 700 milhões de litros diários de coque. Ficou evidente que não há entre os sócios iniciais uma concordância a respeito de qual será a fatia de cada um. Antes da apresentação, o presidente do grupo Ultra, Paulo Cunha, disse aos jornalistas que a divisão entre o seu grupo e a Petrobras era meio a meio, cabendo uma fatia ainda por definir ao BNDES. Ou seja, se o BNDES ficasse com 20%, os outros ficariam com 40% cada. Na entrevista, Gabrielli disse que a partir de agora é que seria negociada a participação de cada um, levando Cunha a explicar que sua declaração era referente à forma como vinham sendo divididos os custos até agora. Costa disse que Petrobras e Ultra vão escolher os projetos da segunda geração nos quais desejarão participar juntos ou em separado e a partir daí, passarão a discutir a entrada de novos sócios no projeto, levando em conta, por exemplo, a contribuição tecnológica. Grandes grupos nacionais como o Suzano e a Unipar já manifestaram interesse em se instalar no complexo, que, estima-se, vai gerar 50 mil empregos na fase de operação.