Título: Política monetária está mais previsível, diz BC
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2006, Finanças, p. C2
O Banco Central (BC) divulgou ontem um estudo, adiantando parte do relatório trimestral de inflação de março, que sustenta que as decisões de política monetária se tornaram mais previsíveis a partir de 2003. O fato é atribuído à melhor comunicação de seu Comitê de Política Monetária (Copom) com seus diversos públicos e ao quadro de maior estabilidade macroeconômica. Nesse estudo, o BC fez a comparação de seus movimentos na taxa de juros com as previsões dos analistas econômicos três meses antes. A conclusão é que, entre setembro de 2005 e março de 2006, as decisões do BC tiveram desvio médio de apenas 0,08 ponto percentual em relação ao que o mercado previa. No período de setembro de 2004 a agosto de 2005, o desvio foi de 0,69 ponto; e, de junho de 2003 a agosto de 2004, de 1,05 ponto. O que os números mostram, em síntese, é que o BC se tornou mais previsível aos olhos do mercado financeiro, o que amplia a eficiência da política monetária - ou seja, o mesmo resultado no combate da inflação pode ser alcançado com um custo menor em termos alta de juros. Quando o BC é imprevisível, o mercado cobra prêmios na taxa de juros para cobrir esse risco. Quando é feita a análise das decisões esperadas um mês antes das decisões, o desvio é ainda menor. No período de setembro de 2005 a março de 2006, o desvio foi de 0,04 ponto; de setembro de 2004 a agosto de 2005, de 0,13 ponto; e, de junho de 2003 a agosto de 2004, de 0,23 ponto. O BC diz que os números são resultados de "uma consolidação progressiva de sinalização de política monetária". No texto, não existem maiores explicações, mas é provável que a autoridade monetária esteja se referindo à abordagem gradualista adotada tanto no ciclo de alta de juros, entre 2004 e 2005, quanto no de baixa, iniciado em setembro de 2005 e ainda não concluído. É mais fácil sinalizar uma seqüência de vários cortes pequenos do que grandes movimentos. Também pesa favoravelmente o fato de a economia ter sofrido, nos últimos anos, menos choques que nos períodos anteriores. É principalmente em crises que o BC é obrigado a reagir de forma não esperada.