Título: Bradesco e Real sócios em nova empresa
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2006, Finanças, p. C6

Os bancos Bradescoempresa> e Realempresa> e a americana Fidelity Nationalempresa>, uma das maiores empresas do mundo em processamento de meios de pagamentos (cartões e cheques), anunciaram ontem a fundação de uma nova empresa no país, a Fidelity Processadora e Serviços. O capital da empresa é controlado pela Fidelity (que tem 51%), o Bradesco tem 36% e o Real, 13%. Daniela Tovianky/Valor Felix Cardamone, diretor Real: "Fidelity Processadora vai gerar mais escala de operações com redução de custos a curto prazo". Desafio, diz ele, é não deixar o cliente perceber a mudança Pelo acordo de acionistas, os bancos entrarão com sua base de cartões que migrará para a processadora ao longo de dois anos. A Fidelity, que processa mais de 60 milhões de cartões em todo mundo, entrará com o investimento financeiro de US$ 100 milhões em tecnologia (equipamentos, sistemas e softwares), a ser investido no mesmo período. Nos próximos 24 meses uma base de cerca de 24,4 milhões de plásticos estará migrando para a nova empresa, sendo 11,2 milhões do Real (9 milhões de cartões de débito e 2,2 milhões de crédito), 10,2 milhões do Bradesco (8,7 milhões de crédito e 1,5 milhão de "private label") mais aproximadamente 3 milhões de cartões da Visa Valeempresa>, empresa que opera com vale alimentação e refeição, controlada por ambos mais o Banco do Brasilempresa>. A expectativa é que a empresa atinja um faturamento de R$ 350 milhões nesse período. A Fidelity Processadora e Serviços será responsável por toda a parte de cobrança, emissão de faturas, gerenciamento de riscos e administração da central de atendimento ("call center") dos cartões. Segundo Felix Cardamone, diretor executivo da área de cartões do Banco Real, há uma preocupação dos sócios em fazer a migração dos cartões de maneira a "evitar qualquer desconforto" para os clientes. "Será um sucesso se o cliente nem perceber a migração porque, a partir daí, vamos conseguir oferecer funcionalidade de produtos e agilidade no atendimento", afirmou Felix Cardamone, diretor executivo da área de cartões do Banco Real. O Bradesco informou que pretende diluir sua participação acionária no futuro. A idéia é que a Fidelity Processadora em algum momento vai abrir seu capital e trazer novos sócios. Sua atuação não será restrita no Brasil, mas ela vai prestar serviços também em outros países da América Latina. "Na realidade não queremos ser donos, queremos um parceiro que faça o processamento com maior eficiência tecnológica e custos mais baixos, sem que tenhamos que fazer investimentos em tecnologia que é uma demanda constante nesse segmento", explicou Arnaldo Vieira, vice-presidente do Bradesco. Cardamone disse que ainda é cedo para responder se vai o Real vai fazer o mesmo. Mas reforçou a motivação do banco na empreitada conjunta com um de seus principais concorrentes: "A processadora vai gerar mais escala e redução de custos a curto prazo." Segundo Vieira, por enquanto o Bradesco não vai transferir para a Fidelity o processamento dos cartões de débito, mantendo essa função internamente. O motivo é que os cartões de débito do Bradesco são muito mais usados como instrumento de saque de dinheiro nos caixas eletrônicos do que de compras. O Bradesco é o segundo maior emissor de cartões de crédito depois da Credicardempresa> e quase empata com o Banco do Brasilempresa>. Os clientes dos cartões Bradesco movimentaram R$ 13 bilhões em compras, enquanto os do Real fizeram R$ 3 bilhões. O Real já terceirizava o processamento de seus cartões com a EDSempresa>. A transação foi antecipada pelo Valor na edição de 7 de outubro de 2005. Na época, os bancos vinham planejando a terceirização do processamento de cartões há mais de dois anos e já haviam fechado uma parceria com a Certegy, empresa que venceu uma concorrência iniciada em 2003, da qual participaram outros gigantes do setor, como TSysempresa>, First Dataempresa> e EDS. Pouco depois da licitação, a Certegy foi comprada pela Fidelity National, o que paralisou o processo por algum tempo até que a Fidelity avaliasse o negócio e concordasse em seguir em frente com os bancos.