Título: Moody's diz que nota era baixa
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Fonte: Valor Econômico, 26/11/2004, Finanças, p. C-8

A classificação de crédito ("rating") do Banco Santos, registrada pela agência Moody's antes da intervenção, na verdade demonstrava uma "baixa qualidade de crédito". Além disso, em um relatório sobre a instituição divulgado em Março último, a Moody´s teria indicado que "a estratégia de rápido crescimento dos empréstimos, sobre uma base de capital limitada e em um cenário relativamente instável, era motivo de preocupação". A justificativa foi divulgada ontem pela agência através de um comunicado distribuído à imprensa, treze dias depois da intervenção do Banco Central sobre o Santos. A Moody's, assim como a Austin Rating, faziam a análise e classificavam o risco da instituição. Ambas as agências só rebaixaram a classificação do banco depois da intervenção, o que tem gerado críticas do mercado às duas empresas. A Moody's chegou a elevar a nota do Santos na época em que promoveu o "rating" soberano do Brasil. Segundo Celina Vansetti-Hutchins, chefe da equipe de analistas de bancos para a América Latina, a elevação da nota apenas um mês antes da intervenção acompanhava critérios da agência segundo os quais a promoção do risco soberano reflete-se no "rating" das empresas e bancos sediados no país. A Moody´s começou a classificar o risco do Banco Santos em 2003 com as notas "E+" para a força financeira da instituição; "B1" para o "rating" global em moeda local; "Baa2.br" na escala nacional e "B3" para depósitos em moeda estrangeira. Em Maio, a agência classificou em "B2" o risco de crédito de uma emissão de eurobônus do Banco Santos. Segundo Celina, houve uma certa "confusão" no mercado sobre o "rating" dos eurobônus. A nota "B2", afirmou a analista, indica que o papel é considerado "especulativo e sujeito a alto risco de crédito".