Título: Mantega discute nomes e Kawall pode assumir lugar que era de Levy
Autor: Claudia Safatle
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2006, Brasil, p. A4

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, passou boa parte do dia de ontem na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, reunido com alguns diretores que lhe são mais próximos, como Demian Fiocca, agora presidente nomeado da instituição, e Carlos Kawall, diretor da área financeira e de mercado de capitais. Juntos discutiram nomes que comporão a equipe de Mantega no ministério. Kawall é o mais forte candidato para assumir a secretaria do Tesouro, em substituição a Joaquim Levy. Mantega, segundo apurou o Valor, faz questão de ter um homem de sua confiança nesse cargo que é estratégico para a gestão das finanças públicas. Kawall tem posições bem definidas em relação à administração da dívida pública e à capitalização do BNDES. Na questão da dívida, defende presença maior de papéis pré-fixados na sua composição. Também é favorável a operações de swap-reverso no mercado futuro, que consistem na troca de variação cambial por taxa de juros (Selic). Essas operações são uma alternativa para controlar o câmbio. Ao comprar dólar dos bancos no mercado futuro, o Banco Central paga essas instituições em títulos da dívida indexada à Selic. Economista formado pela Universidade de São Paulo (USP) - onde conheceu Mantega - Kawall tem mestrado e doutorado na Unicamp. Apesar de ser mais conhecido como "homem do mercado", pois durante oito anos trabalhou como economista-chefe do Citigroup do Brasil, não é um ortodoxo. Tem perfil desenvolvimentista, o que lhe garantiu o convite de Guido Mantega para comandar a área financeira do BNDES. Defensor do crédito direcionado, Kawall defendeu tese de doutorado voltada para a análise do crédito de longo prazo e do desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil, onde discute, entre outros temas, o papel central do BNDES no financiamento do investimento. Depois do encontro com Fiocca e Kawall, o ministro almoçou com todos os diretores do banco e arrumou as gavetas da sala da presidência no BNDES. Não houve transmissão formal do cargo de Mantega para Fiocca. Será informal, como aconteceu quando Mantega assumiu o banco de Carlos Lessa. Fiocca, contudo, já foi nomeado no Diário Oficial como presidente do banco. A publicação foi junto com a do novo ministro da Fazenda. Ontem, as informações no banco eram de que o novo presidente do BNDES deverá anunciar que Antonio Barros de Castro será o novo vice-presidente, acumulando o cargo com a diretoria de planejamento, ao menos por enquanto.