Título: Equipe só será anunciada completa
Autor: Claudia Safatle
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2006, Brasil, p. A4

Um dos primeiros compromissos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem, em Brasília, foi receber, em seu gabinete, a economista Solange Paiva. Ela está deixando a assessoria econômica da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e foi secretária de Previdência Complementar no governo Fernando Henrique Cardoso. Ao chegar no prédio do Ministério da Fazenda ontem, às 18 horas, vindo do Rio de Janeiro, onde acompanhou a posse de Demian Fiocca na presidência do BNDES, Mantega informou que somente vai anunciar os nomes que integrarão sua equipe quando estiver com todos os nomes definidos. "Vou apresentar os nomes, todos juntos. Não tenho pressa. Vou conversar com os técnicos. Sei que tem muita gente boa", completou o ministro. Mantega também disse que não vê nervosismo no mercado financeiro e garantiu que não há motivo para isso. Disse que o Ministério da Fazenda é profissional, está trabalhando e cumprindo todas as suas funções. "Não tem nada parado, está tudo na maior normalidade", ponderou. O ministro disse que ontem mesmo iria conversar com os cinco secretários que não deixaram o governo, apesar da saída de Antonio Palocci: Jorge Rachid (Receita Federal), Helcio Tokeshi (Acompanhamento Econômico), Luiz Pereira (Assuntos Internacionais), Bernard Appy (Política Econômica) e Manoel Felipe Rego Brandão (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional). O ministro negou que tivesse convidado o economista e dono da consultoria LCA, Luciano Coutinho. "Embora seja excelente economista e meu amigo, não conversei com ele", disse. Mantega não quis confirmar o convite a Carlos Kawall, diretor financeiro do BNDES, para integrar sua equipe no Ministério da Fazenda. "Não vou dar detalhes. Conversei com ele hoje porque tive uma reunião com todos os diretores do BNDES para me despedir", afirmou. Sobre o pacote de ajuda aos empresários do agronegócio, que também está sendo chamado de "MP do Bem" do setor agrícola, Mantega disse que a medida já estava em curso quando foi indicado ministro. Portanto, ela ainda é de responsabilidade do ministro anterior. Esse pacote está avaliado em R$ 6 bilhões e contempla desoneração tributária de PIS e Cofins, apoio à comercialização e renegociação de dívidas. Em Buenos Aires, o comissário europeu de comércio, Peter Mandelson, comentou a mudança de comando no Ministério da Fazenda brasileiro, durante entrevista coletiva. Segundo Mandelson, "mudanças individuais de ministros não significam mudança de política ou direção". Sobre Guido Mantega, Mandelson afirmou esperar que "não tenha uma atitude mais defensiva e não coloque ênfase em proteger o Brasil da competição internacional. Acho que isso seria um retrocesso", completou o diplomata. (Colaborou Paulo Braga, de Buenos Aires)