Título: Presidente da GM pede meta de crescimento de 5% na campanha
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2006, Política, p. A8

O presidente da General Motors do Brasil, Ray Young, diz que os candidatos à Presidência da República precisam incluir nas suas campanhas o detalhamento de programas que visem o crescimento sustentado da economia brasileira nos próximos anos. Sem fórmulas que garantam que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá pelo menos 5% ao ano, o país, sustenta o executivo, corre o risco de perder para outras economias mais promissoras os próximos investimentos de multinacionais como a GM. Carol Carquejeiro/ Valor Young está empenhado até em uma mobilização nacional em torno do tema. Em palestra que fará hoje para a Câmara Americana em Campinas (SP), o executivo lançará uma proposta: "Governo , empresários e sindicatos precisam criar um plano juntos". Para Young, as eleições propiciam a oportunidade. "Lula, Alckmin e Garotinho precisam mostrar como pretendem conseguir o crescimento sustentado para o Brasil", afirma o executivo. "Esse debate é importante para que todos os brasileiros entendam a perspectiva dos candidatos", acrescenta. Filho de chineses nascido no Canadá, Young, no comando da subsidiária brasileira da General Motors desde o início de 2004, diz que falta aos brasileiros perspectiva de longo prazo. "Isso acontece porque tradicionalmente a economia do Brasil tinha muita volatilidade", afirma. "Mas nesse momento esse país tem o mais alto nível de estabilidade da história recente", completa. O executivo lembra que a situação fiscal está melhorando, com superávit primário e comercial, confiança dos investidores estrangeiros e queda do risco Brasil. Na palestra de hoje Ray pretende lançar a idéia de mobilização para um programa que garanta taxas anuais de 5% de crescimento de PIB e 5% de inflação. Metas para os próximos cinco anos. É o que ele chama de "três vezes cinco". Com isso, ressalva, as empresas terão mais confiança para investir. "É impossível para o Brasil repetir crescimento como os 9% da China", destaca. "Mas, ao mesmo tempo o crescimento de 2,3% de 2005 para um país emergente como o Brasil é péssimo", afirma. O executivo lembra que os demais países emergentes têm alcançado taxas de crescimento de PIB entre 6% e 10%. "Se não conseguirmos ao menos 5%, que é, para mim, uma taxa bastante respeitável, o Brasil perderá uma grande oportunidade", diz. Segundo o executivo todos os investidores estrangeiros como a General Motors estão analisando neste momento em quais países precisam investir no futuro. As taxas de crescimento de 9% na China, 8% na Índia e 7% na Polônia, por exemplo, são muito atrativas", diz. O executivo explica que quando o conselho de diretores dessas grandes empresas se reúnem para analisar programas de investimentos é impossível não fazer comparações entre as economias dos emergentes. "Investir no Brasil com crescimento de PIB de 2,3% ou na China com 9%?" Embora o câmbio seja um inibidor para exportações hoje também na GM, Young diz que o crescimento sustentado será capaz de trazer também o equilíbrio cambial. Ele aposta que, dessa forma, a cotação do dólar daqui a cinco anos estaria entre R$ 2,50 e R$ 2,70, "uma taxa que permite exportar e ser competitivo".