Título: Críticas a gestões anteriores marcam festa em Guarulhos
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2006, Política, p. A18

Em meio à festa montada por petistas na maior cidade comandada pelo PT no Estado de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou comentar a crise de seu governo e criticou gestões anteriores à sua. Com direito a claque de estudantes de uma escola municipal de Guarulhos - Sofia Fantazini - e de agentes comunitários de saúde do município, o petista fez um discurso populista em defesa da população de baixa renda. A festa, organizada pela prefeitura de Guarulhos, comandada por Elói Pietá (PT), por pouco não foi estragada por uma manifestação de militantes do PSTU, que abriram uma faixa em protesto à quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa. "Até o caseiro sabia. Só Lula não sabia?", questionavam. Seguranças da Presidência fizeram os protestantes se retirarem do local. Logo em seguida, cerca de 3 mil pessoas começaram a cantar "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula" e "um, dois, três, Lula outra vez", interrompendo por diversas vezes o discurso do presidente, no anúncio do programa de expansão de universidade no pais. Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, foi contemplada com a instalação da Unifesp. Bandeiras do Brasil, PT, do MST, e até da campanha passada de Lula estavam presentes por todas as partes. Ao lado dos ministros Fernando Haddad (Educação), Gilberto Gil (Cultura) e Luiz Dulci (secretário geral da Presidência), Lula criticou seus antecessores por não investirem em educação. Em seu entendimento, "algumas pessoas que governaram o Brasil já tinham conquistado o seu diploma e por isso esqueceram dos milhões e milhões de brasileiros que anda não o conquistaram". Em seguida, completou o raciocínio: "Pessoas que imaginam que filho de pobre não tem direito à universidade; pessoas que imaginam que a vida do pobre é apenas trabalhar, ou ganhar mal ou ficar desempregado. Essas pessoas não percebem que os pobres são feitos de carne e osso como eles, que têm alma e coração", disse à platéia, em um bairro carente. "(Os pobres) têm consciência, sonho e desejo e alguns são mais inteligentes (que essas pessoas), só precisam de oportunidade". Do prefeito Pietá e dos ministros, Lula recebeu elogios em todos os momentos. Sem fazer qualquer referência aos problemas enfrentados pelo seu governo, Lula pediu compreensão por não ter feito "tudo o que queria em quatro anos", afirmou que existe "muito a ser feito " e disse que na política isso é tão normal quanto na vida.