Título: Solução para CSN pode envolver BN
Autor: Raquel Balarin
Fonte: Valor Econômico, 26/11/2004, Empresas & Tecnologia, p. B-1

A siderúrgica CSN, da qual o Vicunha detém 46,6% do capital, é a jóia da coroa. Responsável por 85% do valor dos ativos do grupo, a companhia é também o maior desafio para que se concretize um possível fim de sociedade entre os Rabinovich e os Steinbruch. Como é de praxe, o acordo de acionistas entre as duas famílias prevê o direito de preferência. Se os Rabinovich quiserem vender sua parte, têm de oferecer aos Steinbruch. Mas o dinheiro envolvido inviabiliza o negócio. O valor total da CSN, incluindo prêmio de controle, estaria próximo de R$ 20 bilhões, segundo analistas. A parte que cabe às duas famílias é avaliada em no mínimo US$ 4 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões). Como cada uma delas detém 50% do investimento, os Steinbruch teriam que desembolsar nada menos que R$ 5,5 bilhões pela parte dos Rabinovich. Desse valor, porém, é preciso descontar a dívida dos controladores (Vicunha Siderurgia) com o BNDES, fruto do descruzamento acionário entre a CSN e a Vale do Rio Doce, em 2001. O débito está hoje em R$ 1,95 bilhão. Uma maneira de dar saída para os Rabinovich pode passar por uma negociação com o BNDES e até envolver uma nova reestruturação do setor siderúrgico brasileiro, com uma associação entre a CSN e a Usiminas. "Há um alinhamento de interesses entre o Benjamin Steinbruch, o BNDES e o Palácio do Planalto para deixar a siderurgia mais forte e nacionalizada. Nesse desenho, o Steinbruch ganha o controle de algo maior e a operação pode ser a porta de saída para o Rabinovich", diz uma fonte que acompanha as negociações. O Valor apurou que o Banco Pactual foi contratado por alguns acionistas de Usiminas para estudar uma operação entre as duas empresas. A instituição teria, inclusive, sondado autoridades para saber se o governo daria a benção a uma fusão desse porte, que uniria as duas maiores produtoras de aços planos do país. Um movimento de consolidação da siderurgia no país é defendido há um bom tempo pelo presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares. Para o executivo, esse processo teria de ser liderado por instâncias do governo, como o BNDES. Fontes informam que o sonho de Soares é ver concretizado o casamento com CSN, que ele avalia como sendo o que mais sinergias traz à empresa que dirige. A CSN, com um dos custos de produção mais baixos do setor, é considerada uma siderúrgica de classe mundial. Tem entre os ativos mina de ferro, ferrovia e portos.