Título: Gemas e mármore têm interesse em acordo setorial na OMC
Autor: Assis Moreira e Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2006, Brasil, p. A5
Pressionado a abrir mais o mercado brasileiro na negociação de produtos industriais da Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo brasileiro procurava desesperadamente algum setor industrial também interessado na liberação de mercados dos países ricos. As indicações são de que encontrou não um, mas dois candidatos a "acordos setoriais". Por esse tipo de acordo, a regra é ir além do corte tarifário que pode ser acertado na Rodada Doha. O objetivo é a eliminação das alíquotas entre os participantes. Segundo fontes do governo brasileiro, a industria de gemas e pedras preciosas do Rio Grande do Sul, e a industria de mármores e granito do Estado do Espírito Santo mostram interesse em acordos setoriais. Os produtores brasileiros de mármore exportam mais de US$ 500 milhões por ano e analistas acham que podem aumentar em 30% as vendas externas. O setor de gemas e pedras preciosas também exporta mais de US$ 200 milhões e igualmente tem interesse na maior liberalização dos mercados. Os Estados Unidos são o principal proponente de acordos setoriais, incluindo gemas, mas também jóias, o que está fora do interesse brasileiro. Os americanos incluem na lista têxteis, calçados, autopeças. A União Européia também demonstra interesse em alguns acordos setoriais. O Japão acena com o setor automotivo, onde tem vantagem competitiva. Para representantes de indústrias americanas que estiveram recentemente em Genebra, os acordos setoriais serão uma necessidade para terem estímulo para brigar pela aprovação do pacote da Rodada Doha no Congresso. Isso porque só o corte de tarifas normal parece ser tão pouco, pelo ritmo das negociações, que não entusiasma os americanos. (AM)