Título: Ângela Guadagnin deixa Conselho de Ética
Autor: Raquel Ulhôa e Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2006, Política, p. A7

A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), protagonista da "dança da pizza" no plenário da Câmara, onde comemorou a absolvição de amigos petistas envolvidos no mensalão, foi obrigada a deixar, ontem, o Conselho de Ética da Câmara. O PPS protocolou junto ao colegiado uma representação por quebra de decoro parlamentar contra a petista por causa do episódio. Com o processo disciplinar em tramitação contra ela, Ângela foi automaticamente desligada do órgão. A polêmica teve início na madrugada do dia 22 de março. Naquele dia, o deputado João Magno (PT-MG) foi absolvido pelo plenário das acusações de envolvimento com o mensalão. Amiga e defensora do colega durante todo o processo, como fez também com outros petistas denunciados, Ângela comemorou o resultado da votação, dentro do plenário, dançando. Na ocasião, disse ter "sambado" por causa da "alegria" causada pela absolvição do petista. Mas a comemoração foi considerada um escárnio e houve grande repercussão. Deputados e senadores se irritaram com Angela. Na sexta-feira, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, enviou consulta à Corregedoria para ser feita uma avaliação da conduta de Ângela. A dança não teria caído bem em um momento delicado do parlamento, com a imagem fragilizada por causa da crise política. Na terça-feira, Ângela pediu a palavra no Conselho de Ética e se defendeu. Afirmou ser vítima de uma perseguição. Em seguida, foi à tribuna do plenário e pediu desculpas ao povo. "Em nenhum momento tive a intenção de debochar ou agredir a sensibilidade de alguém", disse. Nessa mesma terça-feira, no Conselho, Júlio Delgado (PSB-MG) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) pediram a saída dela do colegiado. O presidente do órgão, Ricardo Izar (PTB-SP), explicou que ela não tinha obrigatoriedade de deixar o conselho pois não havia representação formal, mas apenas uma consulta de Aldo. "Como ela não se afastou, decidimos apresentar a representação para que ela fosse afastada do conselho", justifica o líder do PPS, deputado Fernando Coruja (SC), que assina o documento. "A idéia era afastá-la, já que ela não saiu por vontade própria. Cabe a um conselheiro julgar e não torcer ou comemorar qualquer resultado".