Título: Serra vai vincular sua campanha à de Alckmin
Autor: Caio Junqueira e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2006, Política, p. A10

O prefeito de São Paulo, José Serra, sinalizou ontem que pretende neste ano reeditar o discurso da campanha de 2004 e apostar na parceria com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para atrair votos. Naquela eleição, Serra centrou sua campanha nas melhorias que os paulistanos viriam a ter caso tivessem um prefeito e um governador do mesmo partido. Na versão 2006, as parcerias realizadas entre ambos em pouco mais de um ano de mandato de Serra seriam mostradas como a concretização do que foi feito e dado como aval de que, com Serra governador e Alckmin presidente, muito mais poderá ser feito. Ontem, no último dia de mandato de Alckmin, o prefeito foi até a inauguração da estação Imigrantes do metrô. Preparada para ser uma festa de despedida de Alckmin, com escola de samba, mestre-sala e porta-bandeira, fogos e chuva de papel picado, Serra falou da integração do ônibus e metrô consolidada no final de 2005, uma de suas promessas de campanha. Em seguida, ambos assinaram uma parceria de revitalização e reurbanização da avenida dos Bandeirantes. O prefeito, então, retomou o microfone. "Quando entrei aqui, havia apenas uma parceria entre Estado e prefeitura. Hoje tem 25, com recursos que se juntam. Isso envolve R$ 750 milhões, dos dois lados. São recursos que se juntam para atender a população. Esse é um dado muito importante, pois se vê o quanto cresceu e se estreitou a relação entre governo do Estado e a prefeitura", afirmou. O palanque montado na estação reuniu deputados estaduais, vereadores e secretários estaduais e municipais. Todos embarcaram com Serra e Alckmin na estação de metrô Ana Rosa e percorreram duas estações até a Imigrantes. Entre os presentes, estava o vereador José Aníbal, que voltou a afirmar que mantém a pré-candidatura mesmo que Serra decida se candidatar. "Estou há seis meses em campanha. Fiz todos os procedimentos que precisava dentro do partido. Não tenho nenhuma identidade com a idéia de que para ganhar o governo do Estado é preciso abandonar a prefeitura", afirmou. Sobre o assunto, Alckmin apontou que o partido já está fechado com Serra. "O PSDB tem um caminho a trilhar nessa questão do governo do Estado. Mas nós não devemos melindrar companheiros. Devemos unir. Vamos estar unidos em um bom entendimento." Mas caso Aníbal não recue e o partido tenha dois pré-candidatos, a Executiva estadual se reunirá na segunda-feira para definir quem será o postulante. Aliado de Serra, Walter Feldman, secretário municipal, rejeitou a possibilidade de mais uma disputa dentro do partido. "Serra recebeu uma manifestação forte de prefeitos e deputados. Ele (Aníbal) não pode ser insensível a esse fato". Feldman sairá, junto com Serra, da prefeitura municipal hoje. Deputado federal licenciado, concorrerá à reeleição na Câmara. Na mesma situação está o secretário de Educação José Aristodemo Pinotti, do PFL, que tentará ter um novo mandato como deputado. Outro secretário que sairá é Gilberto Natalini, da pasta de Participação e Parceria. Eleito vereador, voltará à Câmara Municipal. Homem de confiança do prefeito, Andrea Matarazzo continuará na subprefeitura da Sé, de importância estratégica dentro da prefeitura, e trocará de secretaria: de Serviços para Subprefeituras. Na pasta de serviços assumirá o subprefeito de Pinheiros, Antonio Marsiglia Neto. Um dos braços direitos de Serra na prefeitura deverá continuar: o secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, fará o papel de interlocutor junto a Gilberto Kassab. Além dos secretários, quatro dos 31 subprefeitos deixarão o cargo para disputarem a Câmara.