Título: Maior banco de Angola compra 20% do BPN Brasil
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2006, Finanças, p. C3

O Banco Central acaba de aprovar a compra de 20% do capital do Banco Português de Negócios Brasil (BPN Brasil) pelo Banco Africano de Investimentos (BAI), maior banco privado de Angola que tem entre seus principais acionistas a Sonangol, empresa petrolífera governamental angolana. A informação foi transmitida ao Valor por Carlos Catraio, novo presidente do BPN Brasil, em sua primeira entrevista à imprensa após assumir, em 3 de fevereiro, o novo cargo. Ricardo Benichio/Valor Segundo Catraio, a sociedade com o banco angolano vai permitir ao BNP ampliar sua participação no financiamento ao comércio exterior entre Brasil e os chamados países "lusofônicos" - que falam a língua portuguesa -, com especial destaque para Angola. "Esse será nosso principal nicho de atuação", explica, citando outros países, como por exemplo Moçambique. O BAI tem capital de US$ 100 milhões e ativos de US$ 1,151 bilhão e conhece as empresas angolanas, por isso está mais disposto a tomar o risco de crédito dessas empresas, diz Catraio. Em 2005, mil empresas brasileiras exportaram para Angola, um aumento de 74% em relação a 2003. O total exportado chegou a US$ 500 milhões. "As afinidades culturais com o Brasil são muitas e os brasileiros são os candidatos naturais a ajudar na reconstrução de Angola", afirma Catraio, que estuda promover um evento para estimular a integração comercial entre os dois países. Sob a direção de Catraio, o BPN Brasil busca dar uma guinada do crédito ao consumo para as atividades de atacado e de banco de investimento. A idéia é priorizar, em um primeiro momento, o crédito às pequenas e médias empresas, mais precisamente as que têm faturamento de US$ 12 milhões a US$ 360 milhões/ano. Além de financiamento ao comércio exterior, o banco pretende fornecer capital de giro com garantia em recebíveis. Vai também ampliar repasses de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do BNDES-Exim. O português Catraio foi contratado pelo BPN justamente por sua ampla experiência nessas novas atividades principais do banco no Brasil e por seu profundo conhecimento sobre as empresas brasileiras. Antes do BPN, Catraio trabalhou no Unibanco, onde ficou de 97 a 2005 e foi presidente do comitê de crédito e membro do comitê executivo do banco de atacado, além de ter participado como diretor estatutário das áreas de instituições financeiras, captação internacional e câmbio. Já trabalhou no Chase (Lar Brasileiro) e no Bank of America. Com capital de R$ 45 milhões e ativos de R$ 142 milhões, o BPN Brasil responde ao banco de investimento Efisa, o banco de investimento do BPN, do grupo português SLN (Sociedade Lusa de Negócios), que detém 80% do BPN Brasil. O BPN tem capital de cerca de ? 500 milhões e ativos de aproximadamente ? 5 bilhões. A SLN trouxe seu banco ao Brasil em 2002, ao comprar, em novembro, 100% do capital do Itauvest Banco de Investimento. O grupo tornou-se famoso pela compra feita por uma das suas empresas de um edifício inacabado conhecido como "esqueleto da Eletropaulo". O ex-presidente do BPN Brasil, José Castelo Branco, continua no grupo: vai cuidar exclusivamente da outra subsidiária da SLN no país, a promotora de vendas BPN Creditus Brasil.