Título: Economista vê PIB até 6% maior no próximo ano
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2004, Brasil, p. A-5

Crescimento de até 6% da economia, redução da relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) para até 48% e taxa de juros podendo recuar até 12,5% ao ano. As projeções do economista e professor da PUC-Rio, Dionísio Dias Carneiro, para 2005 não deixam dúvidas sobre seu otimismo com a solidez da recuperação brasileira. Para ele, as recuperações anteriores tinham fragilidades que não estão presentes desta vez. "Sou otimista, acho que essa recuperação tem durabilidade, há razões objetivas para acreditar nisso", disse Carneiro, que participou na sexta-feira, de uma conversa com investidores promovida pela gestora Ático Asset Management. Pelas projeções apresentadas, Carneiro aponta que o PIB pode chegar a 5% este ano. "Pelo que já temos, em 2005 não será menos que 3,5% e pode chegar a 6%, mas não passará disso", acredita. Já a taxa de investimento (participação da Formação Bruta do Capital Fixo no PIB ) deve girar entre 19% e 21,5% do PIB este ano e chegar a 22% no próximo, enquanto a projeção para a relação dívida/PIB é mais animadora: 54% ainda este ano e pode atingir 48% em 2005. Para o professor da PUC, o país está chegando a um quadro de 'normalidade' e eliminou instabilidades que existiam antes. Internamente, o Brasil provou que o Banco Central é capaz de controlar a inflação e que o regime de câmbio flutuante funcionou efetivamente. Além disso, houve a eliminação do risco político com a transição tranqÜila e com continuidade de algumas políticas. Segundo o economista, a "notável" recuperação do ritmo de crescimento veio também acompanhada de um resgate de confiança com concreta retomada dos investimentos. "As empresas estão tirando os projetos da gaveta e confiando que realmente estamos diante de uma fase promissora", afirmou Carneiro. "Muitos vão se surpreender no ano que vem quando perceberem o nível do investimento efetuado pelas empresas em novos equipamentos e expansões", lembrou ele. O economista acredita também que há fatores externos que devem colaborar para um cenário positivo. "Está ocorrendo uma combinação de dois fatores: o crescimento contínuo do consumo americano e uma continuidade de um padrão impressionante de investimentos da China, na casa dos 30% a 40%", afirmou Carneiro. Internamente, ele admite que não é adepto do dólar baixo. "Eu concordo com o Lula", brincou ele durante a palestra. "Acho que o dólar está baixo, a cotação a R$ 2,75 não é um bom sinal", concluiu.