Título: eBay é via de entrada para pirataria no Brasil
Autor: Ricardo Cesar e João Luiz Rosa
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2006, Empresas &, p. B2

Em alguns casos, a compra de mercadorias ilegais ocorre por meio de web sites de outros países. O principal exemplo é nada menos do que o eBay, maior serviço de leilão on-line do mundo. Segundo Conrado Cunha, auditor fiscal da Receita Federal que atua nos Correios, uma grande quantidade de itens falsificados chega ao Brasil por meio de compras fechadas nas páginas da empresa americana. "Virou festa", diz. "Todo dia pegamos alguma coisa: uma câmera fotográfica, um tênis Nike, uma bolsa Louis Vuitton." Cunha afirma que nos últimos dois anos quase 100% dos tênis Nike falsificados interceptados pela Receita Federal nos Correios foram comprados via eBay. O auditor conta que a Nike colabora enviando profissionais para analisar o material suspeito que fica retido. Todo pacote que chega ao Brasil via Correios passa por um scanner para que seu conteúdo seja conhecido. Produtos suspeitos, como eletroeletrônicos e tênis, são imediatamente separados para análise. Se a mercadoria não tem marca, ou possui uma marca desconhecida, a Receita a tributa normalmente. Quando o valor do imposto torna o preço final superior ao que o consumidor pagou no cartão, o cliente geralmente faz um pedido de revisão para que a taxa seja analisada. Nesse processo, a Receita comunica-se com o comprador e descobre que a transação ocorreu via eBay. Embora o negócio seja fechado nas páginas do site americano, a maior parte das mercadorias ilegais é enviada da Ásia, sobretudo da China. Procurado pelo Valor, o eBay não se manifestou até o fechamento desta reportagem. No ano passado, foram retidos mais de 2 mil itens falsificados provenientes do exterior somente nos Correios de São Paulo. A porcentagem do que foi adquirido via internet não é conhecida, mas Cunha acredita ser elevada. Quem compra um produto ilegal pela internet dificilmente terá maiores problemas - no máximo perderá a mercadoria, pela qual normalmente já pagou. (RC)