Título: Cresce fila de candidatas para abrir capital
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2006, Empresas &, p. B3

A lista de empresas candidatas à estréia em bolsa não pára de crescer. O número de companhias a caminho de uma oferta de ações já supera a quantidade de estreantes em 2006. Até sexta-feira, 15 companhias já haviam lançado seus papéis ou estavam com o pedido de registro em andamento na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). São duas a mais em relação a 2005 inteiro. Em valores, as operações concluídas neste ano somam R$ 7,13 bilhões, cerca de metade do montante movimentado no ano passado. Entretanto, o volume de 2006 é puxado pelas companhias que já estavam na bolsa e voltaram com novas ofertas. É o caso de TAM, Diagnósticos da América, Iochpe-Maxion e Rossi Residencial, que movimentaram R$ 3,64 bilhões. Submarino e Localiza também estão com novas ofertas marcadas. Já as novatas tendem a fazer ofertas menores. Isso porque o perfil delas é bem diferente daquele das companhias que marcaram o renascimento do mercado acionário, como Natura, Gol e ALL, em 2004. As estreantes deste ano são, na maioria, empresas de menor porte e menos conhecidas do público. A fornecedora de software Totvs e a construtora Company inauguraram essa tendência. Ambos os papéis registram alta desde a estréia em bolsa. "A principal mudança que ocorreu desde 2004 foi no porte das empresas. Mas até agora elas têm tido uma boa receptividade por parte dos investidores", afirma Maria Helena Santana, superintendente de relações com empresas da Bovespa. As duas mais novas postulantes a ingressar na bolsa - Odontoprev, operadora de plano odontológico, e a incorporadora Klabin Segall - faturam menos de R$ 150 milhões por ano. A Odontoprev, controlada pelo fundo TMG Capital, marcará a chegada de um novo segmento à bolsa: o de planos de saúde. Apesar de o segmento enfrentar dificuldades, a Odontoprev se destaca por oferecer apenas assistência odontológica, área na qual os custos e os riscos são menores. Os serviços odontológicos ainda representam uma parcela inferior a 5% dentro da indústria de planos de saúde, que movimentou R$ 747,2 bilhões em 2005. Como menos de 20% das pessoas com assistência de saúde paga têm também um plano odontológico, acredita-se que há um potencial de crescimento para o setor. Em balanço publicado na semana passada, a Odontoprev afirma que pretende crescer a partir da adesão de novos associados e também da aquisição de concorrentes. A empresa faturou R$ 147,8 milhões em 2005, 23% a mais do que em 2004. O lucro passou de R$ 12 milhões para R$ 17,7 milhões de um ano para outro. A Klabin Segall faturou R$ 63,5 milhões até setembro de 2005, com um lucro de R$ 8,5 milhões. Com a tendência de empresas menores também acessarem o mercado de capitais, a Bovespa criou um segmento especial para elas, o Mais. Porém até agora todas as ofertas têm sido feito no Novo Mercado, nível máximo de governança corporativa. "A preocupação que o investidor deve ter nas ofertas menores é em relação à liquidez para que ele não tenha dificuldade em negociar seus papéis", diz Carlos Alberto Rebello, superintendente de registros da CVM. Essa foi a preocupação da primeira companhia de pequeno porte que chegou à bolsa, a Renar Maçãs. A empresa pulverizou bastante suas ações, mas o efeito não foi positivo. Com resultados ruins, a empresa assustou os pequenos investidores, que saíram vendendo seus papéis, fazendo o preço desabar. As ações foram lançadas a R$ 1,6, mas valiam R$ 0,72 na sexta-feira.