Título: Temer trabalha para convencer PMDB a indicar vice de tucano
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 04/04/2006, Política, p. A10

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), comunicará amanhã à Executiva Nacional do partido o interesse do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, ex-governador Geraldo Alckmin (SP), em formalizar uma aliança nacional com o partido. O tucano está disposto a oferecer ao PMDB a vaga de vice em sua chapa. O PFL tem sinalizado que concordaria em ceder a vaga em troca da reedição da tríplice aliança. "O governador Alckmin prefere uma aliança formal entre os três partidos (PSDB, PFL e PMDB), que ficaria fortíssima. E governa-se com mais tranqüilidade. Mas, diante das dificuldades, ele ofereceu alianças informais nos estados", relatou Temer. Em reunião no domingo, Alckmin manifestou ao dirigente pemedebista otimismo com o avanço das negociações entre PSDB e PMDB nos Estados. Na avaliação levada por ele a Temer, as duas legendas podem estar juntas em cerca de 20 Estados. Ficou combinado entre os dois que o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), continuará as conversas "institucionais" com Temer. Mas há vários obstáculos ao avanço das negociações. O primeiro deles é o fato de o PMDB ter seu próprio pré-candidato a presidente, o ex-governador Anthony Garotinho (RJ), que participará da reunião da Executiva amanhã. Garotinho vai reafirmar sua candidatura e anunciar uma agenda de viagens ao país, com o intuito de discutir o programa de governo com as bases do partido. Temendo que a cúpula pemedebista tente boicotar sua candidatura, o ex-governador quer o apoio dos militantes para permanecer na disputa. Garotinho pretende procurar vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, candidatos a todos os cargos, enfim, "botar a base a todo vapor, para pressionar a cúpula do partido". Garotinho também foi procurado por Alckmin, que costura aliança do PSDB com o PMDB no Rio, em torno da candidatura do senador Sérgio Cabral (PMDB) para governador. Ele garantiria, assim, um palanque forte para sua campanha no Estado. A tendência de Garotinho é apoiar Alckmin, caso se afaste da disputa presidencial, porque já anunciou a decisão de não ficar com Lula. Mas, por enquanto, ele não admite essa possibilidade: "Até a convenção, vou jogar minha vida, meus sonhos, minha energia para ser candidato a presidente. Só vou discutir outra possibilidade depois da convenção de julho". Ainda que Garotinho desista ou seja obrigado a se afastar da disputa presidencial, Alckmin enfrentaria outra guerra interna do PMDB. Mesmo a facção contrária à candidatura própria tem seu próprio racha, entre os que apóiam Alckmin e os que preferem reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nessa ala, estão os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP). O presidenciável tucano está levando vantagem sobre Lula no chamado "Triângulo das Bermudas" - São Paulo, Rio e Minas Gerais - ao menos na formação de palanques com o PMDB. Alckmin também tem recebido outros apoios importantes, como o do ex-governador Jarbas Vasconcelos, de Pernambuco. O tucano cogitou o nome de Jarbas para ocupar a vaga de vice em sua chapa, caso a aliança seja formalizada. (RU)