Título: Teste de míssil iraniano puxa preço do petróleo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 04/04/2006, Internacional, p. A13

Os preços do petróleo passaram ontem da casa dos US$ 67 nos mercados internacionais depois que o Irã realizou o segundo teste em apenas dois dias com o que afirma ser o míssil submarino mais rápido do mundo. De acordo com o governo iraniano, "nenhum navio ou submarino consegue escapar" do novo torpedo de alta velocidade. A programação de TV iraniana foi interrompida para a transmissão do disparo no Golfo Pérsico. A região, rica em petróleo, abriga a 5ª Frota dos EUA. De acordo com o governo iraniano, o míssil chamado "Baleia" tem velocidade de 360 km/h - de três a quatro vezes mais rápido que os torpedos convencionais. "É uma arma muito poderosa desenhada para atingir grandes submarinos", disse o general Ali Fadavi, da Guarda Revolucionária iraniana. "Mesmo se os sensores dos navios conseguirem detectá-lo, não conseguirão escapar desse míssil devido a sua alta velocidade", acrescentou. O teste ocorre no momento em que o Irã trava uma disputa com a comunidade internacional - sobretudo os EUA - devido ao seu programa nuclear. A disputa pode levar a sanções econômicas ao país, e analistas temem que o Irã responda limitando o fornecimento de petróleo. O Irã defende que o enriquecimento é parte de um programa de energia nuclear civil. Na semana passada, a ONU informou que Teerã teria 30 dias para interromper o enriquecimento de urânio - usado para a produção da bomba atômica - e atender às regras internacionais. "Muitas incertezas ainda pairam sobre como a situação no Irã será encaminhada", disse Victor Shum, analista de energia da Purvin & Gertz, em Cingapura. Qualquer ruptura no fornecimento de petróleo, sobretudo em períodos de pico de consumo como o que se aproxima (verão no hemisfério Norte), é fonte de preocupação, dizem analistas. Outro fator que tem puxado os preços da commodity tem sido os ataques aos oleodutos na Nigéria. Quase um terço da produção do país - de 550 mil barris por dia - foi interrompida por seis semanas em fevereiro após os ataques aos oleodutos por militantes extremistas do país.