Título: Embratel aposta na presença nacional para crescer no mercado corporativo
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 04/04/2006, Empresas &, p. B3

Para o presidente da Embratel, Carlos Henrique Moreira, o futuro da operadora está na telefonia fixa. A estratégia é conquistar maior participação de mercado com foco no cliente corporativo. Moreira lembra que 70% das receitas das três operadoras regionais de telecomunicações - Brasil Telecom, Telemar e Telefônica - advêm da telefonia fixa local. Por isso, a saída para a Embratel é morder cada vez mais parte desse percentual, uma vez que o equilíbrio das receitas hoje é desfavorável. No bolo do faturamento das teles, longa distância responde por 20% e banda larga, internet e dados ficam com 10%. Para analistas, o futuro da operadora não é um céu de brigadeiro. A Embratel não tem a chamada "última milha" para chegar na casa do consumidor e a concorrência é pesada na longa distância e promete se acirrar com a chegada de novas tecnologias - como o VoIP. Moreira não leva tão a sério as chamadas novas tecnologias, ao menos no médio prazo. Diz, também, que Embratel já perdeu tudo que tinha para perder na longa distância. Era monopolista e hoje conta na faixa de 30% de participação. Mas frisa que continua liderando as ligações entre Estados. Ele aposta no trunfo da Embratel, que é a presença nacional, tanto quanto à infra-estrutura de telecomunicações como atendimento. Esse é o diferencial que, segundo ele, garante espaço para crescer no mercado corporativo. Analistas, como Roger Oey, do Banif, frisam que para Embratel crescer, além do filão corporativo, precisa mesmo é entrar no no mercado de telefonia local de massa. Para atender as classes A e B, já foi montada a parceria com a Net. Limitada ainda, pois só passa por 6,7 milhões de domicílios brasileiros. São 35 mil quilômetros de rede, em 44 cidades, mas são áreas com consumidor de renda alta. Na operação, Embratel fica responsável pelos equipamentos necessários para a implementação da transmissão de voz, mas as vendas, instalação e relacionamento com o cliente é por conta da operadora de televisão por assinatura: "Eles sabem chegar ao consumidor final, nós não temos essa cultura". A receita com telefonia residencial da própria Embratel atingiu R$ 194 milhões no último trimestre, com alta de 20% com relação ao anterior. A origem é o serviço batizado de Livre, voltado para a classe C e D. Hoje, conta com 600 mil assinantes. Moreira prevê que em breve chegue a 1 milhão. O Livre utiliza uma tecnologia que enfrenta limitações. É sem fio, CDMA, semelhante ao celular, mas não tão eficiente. Está em curso investimento em nova geração, mas a companhia não identifica como uma solução de largo alcance. São cerca de 700 antenas para cobrir o Sudeste, Norte e Nordeste. "Quando a Telmex comprou a Embratel, a empresa já tinha a Vésper [adquirida em 2003]. Enfrentávamos uma volume enorme de reclamações na Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] porque o serviço não funcionava em todas as partes da casa. Agora, um técnico vai à casa do cliente, testa e mostra as limitações. Só depois disso é assinado o contrato."