Título: Expansão de usinas sucroalcooleiras vira alento para o setor de máquinas
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 04/04/2006, Agronegócios, p. B14

O segmento sucroalcooleiro, que nos últimos três anos tem investido fortemente na construção de usinas para atender à demanda por açúcar e álcool combustível no Brasil e no exterior, reforça seus investimentos no campo. E a aquisição de tratores e colhedeiras pelo setor tem ajudado as montadoras a recuperar vendas na atual safra. Divulgação A Case IH, do grupo CNH, entregou máquinas a sete usinas em 2005. A última entrega, de 55 máquinas, foi ao grupo São Martinho, de Pradópolis (SP), em dezembro, um negócio equivalente a R$ 20 milhões. Isomar Martinichen, diretor comercial para América Latina da Case, diz que pedidos como esse tendem a se multiplicar. "A demanda aquecida deve perdurar pelo menos até 2010". Outro caso recente é o da Usina Colombo, que comprou de uma só vez 81 tratores da Valtra. Paulo Beraldi, gerente comercial da Valtra, controlada pela americana AGCO, diz que as aquisições ganharam impulso desde o ano passado. "Há uma grande expansão, principalmente em São Paulo, Triângulo Mineiro, Paraná e Mato Grosso". As novas máquinas adquiridas pela Usina Colombo serão usadas na renovação dos canaviais e expansão da área agrícola. O grupo pretende construir três novas usinas, segundo uma fonte da empresa. A usina pretende voltar a fazer novas compras quando as novas unidades entrarem em operação. Graças a essa demanda, a Valtra - que tem cerca de 30% de sua receita baseada nas vendas de tratores para cana - elevou sua participação de mercado em 4 pontos percentuais em 2005, para 30%. As usinas Colombo e Dedini decidiram renovar a frota por conta da expansão sucroalcooleira. As frotas das duas empresas têm mais de dez anos. Segundo Josias Messias, da consultoria Procana Informações & Eventos, as usinas estavam preocupadas, em um primeiro momento, em expandir área, sem investir em maquinário. Esta segunda fase da expansão vislumbra as compras de máquinas agrícolas. Por ano, as usinas têm investido cerca de R$ 1,5 bilhão na área agrícola. Desse total, um terço é normalmente destinado à aquisição de máquinas agrícolas. A usina São Luiz, do grupo Dedini, adquiriu recentemente 18 tratores da John Deere. O grupo está modernizando e aumentando a frota para cumprir seu plano de expansão da produção. A usina moeu 4,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na última safra e pretende atingir 5,1 milhões de toneladas na safra 2006/07, e atingir 6 milhões em 2008/09, segundo Antonio Zampar, diretor da usina. Zampar diz que a empresa não pretende construir uma nova unidade, mas quer expandir a área agrícola de suas duas unidades produtoras de açúcar e álcool. O plano de expansão também prevê aumento da área de cana que é colhida mecanicamente. Hoje a colheita mecânica atinge 40% da área do grupo, feita com 13 máquinas. José Luis Coelho, diretor de tratores da John Deere (fornecedor exclusivo de máquinas à Dedini), diz que a demanda do setor sucroalcooleiro tem ajudado a amenizar a crise vivida pelo setor de máquinas. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o setor de colhedeiras passou de 58 unidades em 2004 para 150 o ano passado. A previsão é chegar a 190 este ano e a 400 até 2009. Não há dados oficiais de números de tratores que são destinados ao setor de cana, mas, segundo as indústrias, a maioria das vendas tem sido destinadas a este segmento dos agronegócios. No primeiro bimestre, as vendas totais de tratores no país cresceram 1% em relação ao mesmo período de 2005, para 3.572 unidades.(Colaborou Mônica Scaramuzzo)