Título: CNI vai elevar previsão para crescimento do PIB
Autor: Vera Saavedra Durão, Francisco Góes, Raquel Salgad
Fonte: Valor Econômico, 05/04/2006, Brasil, p. A3

A boa evolução nos indicadores do primeiro bimestre vai levar a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a revisar, para cima, a expectativa de crescimento econômico para 2006. Em dezembro de 2005, a previsão era de uma variação real de 3,3% para o Produto Interno Bruto (PIB). A nova projeção deve sair ainda este mês, informou o economista-chefe da entidade, Flávio Castelo Branco. Os dados da indústria em janeiro e fevereiro, diz ele, geraram "uma boa surpresa". "Os últimos números mostram uma intensidade na recuperação bem mais forte do que esperávamos" , afirmou. Ele destacou que a previsão anterior foi feita sobre indicadores de outubro de 2005. "O que verificamos agora é que há uma demanda interna maior, embora sem pressão de preços e com redução de estoques" , explicou, ao divulgar os indicadores industriais de fevereiro. "Portanto, não há ameaça no horizonte para a continuidade da queda dos juros e temos uma expectativa de crescimento moderado", acrescentou. A pesquisa da CNI apontou ligeira retração de 0,44% nas vendas reais sobre janeiro, após ajustes sazonais. Mas tal recuo no faturamento não preocupa, explicou Castelo Branco, por ser normal nessa época. "O quadro é diferente de 2005", destacou ele. Apesar da acomodação das vendas, cresceu o número de horas trabalhadas (2,08%), o que indica maior produção, junto com um aumento atípico na contratação de mão-de-obra (0,40%), também aliado à expansão do grau de ocupação das fábricas para 80,9% (dessazonalizado).

Segundo a CNI, são dados animadores que apontam para a retomada da atividade, como no último ciclo de crescimento registrado entre julho de 2003 e o segundo semestre de 2004. Castelo Branco chamou a atenção para indícios "seguros", na sua avaliação, de retorno de investimentos, após a parada de 2005. No último ciclo de crescimento, o uso da capacidade instalada foi a níveis recordes (84%). Entretanto, tal patamar deve ser esquecido, pois houve "uma evolução da produção em tempo e tecnologia" desde que a CNI iniciou o levantamento na década de 1980, argumenta ele.