Título: Após fundo do poço, preço de ave viva se recupera
Autor: Fernando Lopes
Fonte: Valor Econômico, 05/04/2006, Agronegócios, p. B13
Depois de despencar para R$ 0,70 o quilo em São Paulo no mês passado, reflexo da queda das exportações brasileiras de carne de frango, o preço da ave viva começa a se recuperar e acumula alta de 28,6% desde 31 de março. Ontem, a cotação subiu mais R$ 0,05, para R$ 0,90 o quilo em São Paulo em São Paulo, conforme levantamento da Jox Assessoria Agropecuária. Uma dos motivos para a recuperação do preço é a redução da produção entre os criadores independentes e também das integrações, avalia José Carlos Godoy, da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco). Além disso, a forte queda dos preços do frango abatido no varejo - por conta da maior oferta de empresas exportadoras - também estimulou a demanda interna. "Como os preços caíram, as pessoas estão consumindo [frango] mais regularmente", diz Carlos Eduardo Sant´Anna, da Intertrade. Segundo Ricardo Gonçalves, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef ), o consumo doméstico aumentou nos primeiros três meses deste ano, às custas da brusca redução de preços no período. "Quem não quer frango a R$ 0,99 o quilo no supermercado? Essas vendas de fato ajudam a escoar estoques, mas não correspondem à realidade", diz o executivo. Conforme Gonçalves, em 2005 o consumo interno per capita foi de 34 quilos. Caso a demanda do primeiro trimestre seja mantida até dezembro, a média chegará a 40 quilos em 2006. Recuperações de preços, contudo, tendem a devolver o consumo à média histórica. Na opinião de Sant´Anna, o momento mais grave da crise no mercado internacional já passou, depois de o consumo ter despencado por causa do pânico provocado pela gripe aviária. A expectativa, diz ele, é que o patamar normal de consumo seja retomado em três meses se a doença se mantiver fora do continente americano. Sant´Anna acrescenta que os preços no mercado internacional já dão sinais de que pararam de recuar. Os números das exportações de frango em março, aliás, surpreenderam positivamente, afirma Godoy, da Apinco (ver matéria acima). "A expectativa era de ficasse em 170 mil toneladas", comenta ele. Para Godoy, houve um esforço para redução entre os criadores independentes de frango, "que vêm levando uma surra", isto é, trabalhando com perdas, desde o fim do ano passado, já que o custo de produção está acima de R$ 1,00/quilo. Segundo ele, a expectativa é de que a crise já se reflita nos números do alojamento de pintos de corte em março e abril. A previsão para março é de 360 milhões de aves. Foram 353,9 milhões em fevereiro. Em abril, o número deve ser inferior a março, acredita Godoy. Outro efeito da crise no setor foi a queda dos preços do pinto de corte, que saiu de R$ 0,60 a unidade em janeiro para R$ 0,40 este mês, segundo a Apinco. Como empresas tiveram de ajustar a produção, houve menor procura de pintos para alojamento. (Colaborou FL)