Título: Aos dez anos de idade, cartão com chip começa a conquistar mercado
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 05/04/2006, Finanças, p. C2

O cartão com chip completa este ano dez anos no país e começa finalmente a ganhar mercado. Só com a bandeira Visa, já foram emitidos mais de 1 milhão destes plásticos apenas em 2006, informa Percival Jatobá, diretor de produtos da Visa do Brasil. Com isso, a bandeira chegou a 6 milhões de cartões e pretende fechar o ano com 10 milhões. A MasterCard tem cerca de 4 milhões de cartões com chip emitidos desde 2000, quando começou a trabalhar comercialmente com esta tecnologia no Brasil. Agora, o ritmo de expansão deve aumentar, pois alguns bancos emissores da bandeira estão trocando os plásticos existentes por cartões com chip, informa o presidente da empresa, Desmond Rowan. Um deles é o Itaú. A projeção da bandeira é chegar ao final do ano com 12 milhões destes cartões. As estimativas do mercado são de que existem hoje em torno de 10 milhões de cartões com chip no Brasil, número ainda considerado baixo pelo setor. O país tem 244 milhões de cartões de crédito e débito, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs). A principal vantagem do cartão com chip é que ele não pode ser clonado. Para Gilberto Dib, da Dib & Associados, empresa que organizou a Cards 2006, principal feira do setor de cartões, a queda do preço do chip é um dos fatores que está deixando o produto mais atrativo para os bancos. Em 1999, por exemplo, um cartão com chip custava US$ 8,00. Hoje, já é possível emitir um plástico por US$ 0,99. Para Jatobá, da Visa, os últimos dez anos foram necessários para criar no Brasil a infra-estrutura para o uso do cartão com o chip. Hoje, a Visanet, a empresa que credencia estabelecimento para aceitarem os cartões da bandeira, tem a segunda maior rede do mundo de terminais preparados para aceitar chip, em torno de 950 mil pontos. "Cem por cento da nossa rede aceita o chip", afirma Antonio Luiz Rios, presidente da Visanet. Anastácio Ramos, presidente da Redecard, responsável pela rede dos cartões MasterCard, também diz que sua rede, com cerca de 900 mil máquinas leitoras (conhecidas como "POS") também está preparada para o uso do chip. O chip ganhou mais mercados em países com alta incidência de fraudes. Um deles foi a Malásia. Lá, todos os cartões passaram a ser com chip, inclusive com a ajuda do governo. "O problema foi que as fraudes acabaram na Malásia, mas migraram para países vizinhos onde não se usava esta tecnologia", diz Jatobá. No mundo, os maiores usuários do chip são a Inglaterra e a França. O Brasil é o segundo país em número de transações com cartões com chip e o quinto em plásticos emitidos, considerando apenas a bandeira Visa. Nos Estados Unidos, o produto não pegou. Uma das razões é que o total de empresas que credenciam estabelecimentos para aceitarem cartões supera 300 empresas. "É mais complicado operacionalmente", diz o presidente da MasterCard. Outra vantagem deste cartão é poder agregar uma série de serviços no chip, que incluem desde programadas de fidelidade a transações "off-line", feitas em pontos de intenso movimento (como fast foods e estádios de futebol). Estas transações são de pequeno valor, abaixo dos US$ 20, e movimentam US$ 1 trilhão na América Latina e Caribe. No Brasil, em algumas universidades, o chip do cartão já é usado para armazenar dados de acesso ao campus, à biblioteca e às notas dos universitários.