Título: Carteiras de Petrobras ganham 8% na semana
Autor: Luciana Monteiro
Fonte: Valor Econômico, 25/04/2006, Eu & Investimentos, p. D2

A alta do preço do petróleo no mercado internacional trouxe ganhos para as ações da Petrobras, que turbinaram a rentabilidade dos fundos de ações que aplicam em papéis da estatal. Só entre os dias 13 e 19, os FGTS Petrobras registraram retornos de 8,26%. No ano, essas carteiras registram o maior rendimento médio do setor de fundos, com 27,31%. Entre as aplicações que recebem recursos próprios dos investidores, o ganho médio é de 27,10%, até o dia 19. Os dados fazem parte do relatório semanal do site Fortuna.

Diante do sucesso das carteiras de privatização, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Banco Real e Sudameris decidiram reabrir suas aplicações em fundos de recursos próprios. Segundo dados do Fortuna, a captação nesses fundos já chega a R$ 1,669 bilhão, no ano, até o dia 19. As carteiras que receberam dinheiro do FGTS não aceitam novos aportes.

Considerado um papel defensivo, que sofre menos no caso de uma queda geral dos mercados, a ação da Petrobras faz parte também de grande parte dos fundos voltados a clientes internacionais (offshore). E a boa fase da bolsa tem puxando para cima o retorno desse fundos de uma maneira geral. Números do Fortuna mostram que as carteiras, no ano, registram rentabilidade média de 21,89%. O site lista 13 aplicações voltadas para estrangeiros e a captação no período chega a R$ 1,735 bilhão. Essas carteiras estão classificadas como "outros" pelo Fortuna.

A atratividade por mercados emergentes continua alta, diz Luiz Ribeiro, gestor de renda variável da HSBC Investments. Os fundos HSBC GIF Brazil Equity e HSBC BRIC (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China) mantêm papéis da Petrobras no portfólio. Só para se ter idéia, o fundo voltado somente para o mercado brasileiro praticamente dobrou de patrimônio neste ano. Passou de US$ 270 milhões em janeiro para US$ 510 milhões, com retorno de 20,55% (em reais). Ribeiro diz que os dois fundos têm na carteira, além de Petrobras, papéis do setor de consumo (varejo, alimentos e bebidas), bancos e mineração.

Dados da empresa americana de monitoramento de fundos EmergingPortfolio.com, que acompanha mais de 10 mil carteiras no mundo, mostram que os fundos dedicados aos mercados emergentes apresentam ingresso de US$ 26,2 bilhões. O boletim semanal divulgado pela instituição informa que, na semana encerrada no dia 19, mais de US$ 277 milhões foram destinados para os emergentes.

A liquidez mundial ainda está alta, diz Gilberto Nagai, gestor de renda variável da ABN Amro Asset Management. O fundo ABN Latim America Equity Hedge recebe por dia cerca de US$ 1 milhão e tem patrimônio de US$ 1,6 bilhão. Hoje, 58% da carteira está em papéis brasileiros dos setores de consumo e utilidades. Nagai conta que 10% do total destinado ao Brasil está em Petrobras. A carteira também tem participado de algumas aberturas de capital. Segundo dados do Fortuna, a carteira acumula ganhos de 11,01% (em reais).

Outro offshore com forte captação é a Parvest, do BNP Paribas. Em outubro de 2004, o patrimônio era de US$ 70 milhões e hoje chega a US$ 360 milhões. A asset do Brasil é responsável pela gestão da parte de América Latina da carteira, diz Marcelo Giufrida, vice-presidente da BNP Paribas Asset Management. Dos recursos destinado para a região, 40% ficam em Brasil, 40% em México e o restante em Chile, Argentina e Colômbia. No mercado brasileiro, a carteira aplica sobretudo em papéis de consumo, petróleo, mineração e siderurgia.

O segmento de atacado - que inclui aplicações de empresas, fundos de pensão e clientes private - continua puxando a captação no setor de fundos, com ingresso líquido de R$ 26,8695 bilhões, no ano, até dia 19. Já o varejo foi responsável por R$ 14,122 bilhões em novos investimentos.