Título: Ford muda estratégia no país e investe no marketing para manter crescimento
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 25/04/2006, Empresas, p. B6

Sob nova direção, as operações da Ford no Brasil e Mercosul ganharam reforço em marketing. A começar pelo Brasil, o americano Barry Engle, executivo que acaba de assumir o posto deixado pelo brasileiro Antonio Maciel Neto no comando no Mercosul, colocou um novo diretor na área e modificou o slogan da marca. Marisa Cauduro/Valor Engler, presidente da Ford no Brasil e Mercosul: "As montadoras têm tecnologias parecidas. O marketing pode ser o diferencial"

Tudo indica que esse será o tom daqui para a frente. "As montadoras têm tecnologias parecidas; por isso o marketing representa uma boa oportunidade para se diferenciar", afirma.

Logo depois de assumir a presidência da Ford Brasil em setembro - a primeira fase da troca de comando na montadora na região - Engle decidiu fazer uma pesquisa com consumidores e formadores de opinião em todo o país.

A idéia era saber se os brasileiros haviam percebido que a Ford havia passado por uma transformação, orquestrada por Maciel - da recuperação financeira à renovação da marca e dos produtos.

O resultado deu "sim". Por isso, a empresa começa a veicular seu novo slogan: "Viva o novo" em substituição ao "Deixe um Ford surpreender você", marca registrada desde que Maciel apareceu nas campanhas publicitárias da empresa.

Paralelamente, foi nomeado um diretor de vendas e marketing, uma nova função. A missão foi entregue a Jorge Chear, executivo que está na Ford há seis anos depois de passar 20 anos na Volks. Um de seus atributos é a experiência com a rede de concessionários.

Marketing é a especialidade de Barry Engle. Apesar de ele ter se formado em economia, foi a área mercadológica que traçou os passos desse executivo, de 42 anos de idade, dentro da indústria americana.

Depois de atuar nessa área na General Mills e Nabisco, Engle entrou para a Ford, nos EUA, em 1992. Ele saiu da companhia cinco anos depois, para ser um concessionário da marca Chrysler. Em 2000 ele retornou à montadora e teve uma passagem no Brasil, também no comando do marketing, um ano depois.

Suas expectativas agora estão voltadas para a Copa do Mundo. A Ford é a única montadora entre os cinco patrocinadores da apresentação do jogos pela televisão aberta, na Rede Globo. Segundo Engle, 93% das pessoas assistem aos jogos pela TV aberta. Eles representam 63% da população brasileira. "Este é o único evento em que se pode falar com 63% da população", anima-se.

No domingo à noite, Engle fez a sua primeira apresentação pública desde que passou a acumular a presidência da Ford Brasil com o comando das operações da companhia em todo o Mercosul, há pouco mais de uma semana.

O início do discurso do executivo foi uma espécie de homenagem e respeito ao trabalho de Maciel, que vai assumir a presidência da Suzano Papel e Celulose. "Estamos perdendo alguém que foi um grande líder", disse Engle.

Segundo o americano, passada a fase da reestruturação, a mudança no slogan indica que a companhia entra numa nova fase, marcada pelo contraste dos seus resultados financeiros em relação aos da própria matriz.

Enquanto as operações mundiais da Ford apresentaram um prejuízo de US$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre, na América do Sul a empresa atingiu um lucro de US$ 134 milhões.

Trata-se do nono trimestre com lucratividade e um valor 74% superior ao dos três primeiros meses de 2005. Com crescimento de 40% também na comparação com igual período do ano passado, a receita da Ford na América do Sul, região em que o Brasil tem peso de mais de 60%, somou US$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre. "Mostramos ao resto da companhia que é possível superar as dificuldades", disse Engle. (MO)