Título: Efeito cambial será sentido em 2007
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 25/04/2006, Empresas, p. B6
A exportação de veículos continua sendo uma parte importante da estratégia das montadoras, a despeito da valorização do real, segundo o presidente da Ford, Barry Engle. Mas o fôlego das vendas externas do setor já não é o mesmo. Em 2005, 43% da produção da Ford foi exportada. Mas Engle prevê uma queda neste ano. O tamanho ele ainda não sabe.
A General Motors já registrou retração de 4% nas vendas externas no primeiro trimestre e o presidente da empresa, Ray Young, prevê que a queda pode oscilar entre 25% e 30% até o final do ano.
Mas, ao contrário de outros setores, os efeitos da desvantagem cambial são mais lentos na indústria automobilística. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê crescimento das exportações totais do setor ainda este ano, depois de dois anos de elevações entre 30% e 40%.
Segundo projeção da entidade, em 2006 a receita com as vendas externas de veículos deverá somar US$ 11,5 bilhões. Trata-se de um ligeiro crescimento mesmo em tempos difíceis. Em 2005, o faturamento do setor com exportações totalizou US$ 11,2 bilhões.
O ritual das exportações na indústria automobilística não é algo fácil de interromper. São contratos fechados há um bom tempo. Além disso, o lançamento de um carro em qualquer mercado de outro país requer um arsenal que envolve preparação da rede de revendas e de assistência técnica, sem contar gastos em publicidade, das montadoras e revendedores.
Todas as montadoras estão tentando repassar reajustes de preços nos carros exportados. Mas todas reconhecem que isso tem de ser feito com cautela. (MO)