Título: Decreto transforma Eletronuclear em concessionária
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/11/2004, Brasil, p. A-2

O presidente da Eletronuclear, Zieli Dutra Thomé Filho, considerou mais importante do que o reajuste que elevou a tarifa das usinas nucleares de R$ 78,41 o megawatt/ hora para R$ 91,52 o MW/h o fato de o decreto 5.287, publicado no Diário Oficial de ontem, transformar a empresa em uma concessionária de energia. O novo preço da energia das usinas Angra 1 e Angra 2 é válido a partir de amanhã. Com a mudança de "status", a Eletronuclear fica sujeita à revisão tarifária aplicada anualmente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), enquanto antes tinha que negociar aumentos de tarifa diretamente com Furnas, que é a comercializadora da energia nuclear produzida em Angra dos Reis. "O importante é que passamos a ser uma concessionária, situação constitucional que não tínhamos antes", explicou Zieli Thomé Filho. A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, foi além: "É importante que se pague o valor real para a Eletronuclear, para que ninguém ache que é possível fazer geração nuclear abaixo do valor dela (no Brasil). Nada como um choque de realismo", disse. Outro ponto considerado importante por Thomé Filho foi o aumento da potência contratada, que era de 1.266 MW e passou a ser equivalente aos 1.477 MW gerados efetivamente. Antes da mudança, os 209 MW gerados a mais estavam subcontratados, sendo vendidos no atacado por um preço médio de R$ 18. Corrigida pelo decreto, a mudança dará fôlego ao caixa da Eletronuclear, que deve fechar 2004 com prejuízo de cerca de R$ 300 milhões, segundo seu presidente. (CS)