Título: Inflação argentina sobe apesar de controles
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2006, Internacional, p. A13
A inflação voltou a subir no mês passado na Argentina. O índice de preços ao consumidor, divulgado ontem, teve uma alta de 1,2%. A taxa triplicou em relação ao dado registrado em fevereiro, quando os preços subiram 0,4%. A inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 11,1%. O índice coloca em dúvida a eficácia dos acordos de preços impostos pelo governo, que vêm sendo a principal estratégia oficial de combate à inflação. Alimentos e bebidas, produtos nos quais se concentram os esforços para conter os preços, subiram 1,5%. Em março, esta alta foi superada apenas por educação (9,5%) e vestuário (6,1%). Outro sinal negativo foi o aumento da carne, de 3,4% em média. No mês passado, o governo proibiu as exportações do produto, na tentativa de ampliar sua oferta no mercado interno. Além disso, o próprio presidente Néstor Kirchner fez um apelo à população para não comprar carne, de modo a forçar uma queda. Mas, em um contexto de inflação alta, a leitura mais positiva do índice de preços é que, desde o início do ano, os aumentos vêm se mantendo em níveis similares aos do ano passado, com uma leve tendência de moderação. Em março de 2004 a inflação foi de 1,5%, três décimos acima do número divulgado ontem, e o índice anualizado vem apresentando quedas graduais desde o pico de 12,3% registrado em dezembro do ano passado. O acumulado dos três primeiros meses deste ano é de 2,9%. Nos últimos dias o governo já vinha baixando as expectativas em relação ao dado de inflação de março. Autoridades afirmavam, em caráter mais ou menos reservado, que uma inflação inferior a 3% no primeiro trimestre seria um resultado satisfatório. Outro número positivo divulgado ontem foi o índice de preços no atacado, que registrou uma queda de 0,6%, o primeiro resultado negativo em dez meses. O dado pode indicar que a pressão sobre os preços tende a ser menor nos próximos meses.