Título: Brucutu trará renda de R$ 218 milhões por ano para a economia da microrregião
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2006, Especial, p. A16

A operação na mina de minério de ferro de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, representará injeção anual de R$ 218,9 milhões na economia da microrregião. O valor foi calculado com base na massa salarial gerada pelos novos empregos e a estimativa de compras a serem feitas com fornecedores de São Gonçalo e municípios vizinhos. É muito dinheiro para a cidade: até pouco tempo, a economia local movimentava R$ 2,6 milhões por mês. A renda de R$ 218 milhões vale para o período em que a usina da Vale estiver operando na capacidade máxima - 30 milhões de toneladas anuais, a partir de 2009. Na fase inicial, até 2008, a injeção de recursos será de R$ 86,5 milhões/ano. Cada um dos 2,3 mil empregos gerados direta e indiretamente pelo empreendimento deverá induzir a abertura de pelo menos dois postos de trabalho fora da mina. No total, serão 7 mil pessoas empregadas graças à corrida ao minério de ferro que levou a Vale a aplicar US$ 1,1 bilhão em Brucutu. Hoje, a população economicamente ativa de São Gonçalo não chega a 5 mil pessoas. As estimativas são do ex-ministro da Fazenda Paulo Haddad, contratado pela Vale para fazer o estudo do impacto sócio-econômico do projeto Brucutu. "O efeito multiplicador poderá ser pequeno ou grande dependendo da capacidade de empreendedorismo da cidade", avisa Haddad. Com infra-estrutura modesta até mesmo para seus 8,5 mil moradores, São Gonçalo vive ainda o "choque da implantação". Ruas antes tranqüilas foram invadidas por automóveis que, às vezes, tumultuam o tráfego no centrinho da cidade. A partir de julho, quando a usina de Brucutu for inaugurada, é que chegará para São Gonçalo o "choque da operação". Clientes e fornecedores irão visitar a unidade, poderão se hospedar na cidade se lá existir uma pousada confortável, e gastar nas lojas, se houver boa oferta de produtos típicos. Cidade erguida às margens da Estrada Real, caminho aberto pelos portugueses no século XVII para o escoamento de ouro e pedras preciosas extraídas em Minas Gerais, São Gonçalo do Rio Abaixo tem monumentos tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional, um charme adicional que, atualmente, não se traduz em divisas para a cidade, mas poderá ser aproveitado por empresários nesse processo de expansão. A previsão de exaustão da mina de Brucutu é para 2029, o que garantirá no mínimo duas décadas de receita em alta para São Gonçalo. Mas já há estudos para ampliação do prazo de exploração da jazida com utilização de tecnologias mais avançadas. É uma prática comum na mineração e já ocorreu, por exemplo, em Itabira, onde o fim das operações foi protelado diversas vezes. Os últimos estudos em Itabira indicam que ainda levará muitos anos para que a exploração do minério se torne inviável. De acordo com Haddad, é preciso estimular o surgimento de atividades econômicas que, no futuro, se sustentem independentemente da mineração. A Vale, conta ele, se comprometeu a apoiar os municípios onde atua em planos diretores que pensem no desenvolvimento das cidades para além da exaustão das minas. (IM)