Título: Receita com embarque de suíno tem queda de 48%
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2006, Agronegócios, p. B15

O embargo da Rússia às carnes brasileiras por causa do ressurgimento da febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná, no fim do ano passado, foi um duro golpe para as exportações de carne suína em março passado. Com a queda das compras do principal cliente brasileiro, a receita total com as vendas externas caiu 47,78% em março, na comparação com igual mês de 2005, de US$ 79,286 milhões para US$ 41,404 milhões, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). O volume exportado recuou 39,61% na mesma comparação, de 42.170 toneladas para 25.465 toneladas. "A principal razão para a queda foi a Rússia", disse Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs. Ele observou que a Rússia importou apenas 3.848 toneladas de carne suína brasileira em março, contra 18.469 em fevereiro e 23.270 em janeiro, meses em que os exportadores ainda conseguiram embarcar carne produzida antes do início do embargo, em 12 de dezembro passado. Camargo Neto estima que por conta das restrições russas, cerca de 20 mil toneladas de carne suína deixaram de ser exportadas até março. A expectativa é de que os embarques comecem a se recuperar este mês, disse o executivo, por conta da retomada, pela Rússia, das compras de carnes do Rio Grande do Sul esta semana. Para ele, o Estado de Santa Catarina, ainda proibido de exportar à Rússia, juntamente com Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, deve ser reaberto este mês. Ele não vê embasamento técnico no fechamento de Santa Catarina e considera que a trava russa desrespeita as regras da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) e da OMC (Organização Mundial de Comércio). Outro efeito do embargo russo foi a queda dos preços médios da carne suína na exportação em março. Segundo a Abipecs, o valor médio saiu de US$ 1.820 por tonelada (FOB) em fevereiro para US$ 1.626 em março passado. Em igual mês de 2005, estava em US$ 1.880. "Sobrou suíno no Brasil, e os exportadores tiveram de colocar em outros mercados com preços mais baixos", explicou Camargo Neto. Ele não acredita que o fim do embargo ao Brasil ocorrerá ainda durante a visita do primeiro-ministro russo Mikhail Fradkov ao país, mas avalia que este "levará um recado" a seu país de que não há base técnica para a proibição das compras (ver matéria abaixo). No primeiro trimestre, a receita com as exportações brasileiras totais de carne suína caiu 22,58% sobre igual período de 2005, para US$ 176,414 milhões. Em volume, o recuo na mesma comparação foi de 19,07%, para 99.361 toneladas, segundo a Abipecs. (AAR)