Título: Perdão à dívida de países pobres fica para 2007
Autor: Ricardo Balthazar
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2006, Finanças, p. C2

Os governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) adiaram para a próxima reunião anual, no ano que vem, na Guatemala, a decisão sobre o perdão da dívidas dos cinco países mais pobres da América Latina (Bolívia, Nicarágua, Guiana , Haiti e Honduras). Países como Brasil e México resistem à alternativa defendida pelos Estados Unidos de quitar a dívida de US$ 3,5 bilhões com recursos do Fundo de Operações Especiais do banco. O débito representaria redução de quase 40% no capital deste fundo, explicou ontem o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Governador do BID pelo Brasil, ele foi nomeado para presidir um comitê encarregado de avaliar mais profundamente o assunto. O Fundo de Operações Especiais do BID foi criado para financiar projetos de combate à pobreza na região sem misturá-los à carteira tradicional do banco. Para Bernardo, a solução não poderá penalizar outros países pobres da América Latina. Segundo ele, um bom exemplo foi o que foi feito com a dívida dos países pobres no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial (Bird). Os países ricos, que compõem o G-8, fizeram aportes para cobrir o débito. A diretoria do BID deverá se reunir até o dia 20 para nomear os governadores que vão integrar o comitê. De acordo com o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, a questão mais importante não é se o banco deve perdoar ou não a dívida. Mas, perdoando, como fazê-lo. "Em quais condições, é o que vamos discutir." Um ponto questionado pelos governadores é como criar mecanismos para evitar que estes países voltem a ficar em dívida com o banco. Outro sobre o qual não existe consenso é o pedido dos países para que, além do perdão da dívida, o BID libere recursos adicionais para apoiar medidas de reestruturação interna. "As novas democracias sociais da América Latina precisam chegar à democracia econômica", falou o recém eleito presidente de Honduras, Manuel Zelaya O presidente da Bolívia, Evo Morales, também participou da solenidade e sugeriu que o BID tenha o mesmo "desprendimento" do Banco Mundial, que já zerou a dívida dos países pobres.