Título: População mais velha preocupa UBS
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2006, Finanças, p. C3

O envelhecimento da população dos países desenvolvidos terá impacto moderado mas "múltiplo" sobre os ativos dos mercados emergentes e os mercados financeiros em geral, segundo um novo estudo do UBS, um dos maiores bancos do planeta. A redução da população ativa provocará queda da taxa de poupança e desaceleração do crescimento em várias economias ricas. Os países emergentes é que vão ser cada vez mais o motor da economia global. Empresas vão aumentar a diversificação geográfica de sua estrutura de vendas e de custos, com os lucros se dissociando cada vez mais do crescimento da economia de origem. Nos mercados financeiros, a incidência mais evidente, na avaliação do UBS, será na composição dos portfólios dos fundos de previdência. Eles vão moderadamente sair dos investimentos em ações para obrigações, sobretudo de curto prazo, diante do envelhecimento de seus afiliados. Quanto ao impacto nos ativos dos mercados emergentes, Oussama Himani, especialista desse setor no UBS, apóia-se em estatísticas para mostrar que maior crescimento econômico nos emergentes nem sempre tem significado maior retorno para os investidores. Com o tempo, a volatilidade desses mercados vai continuar caindo. E com a integração no mercado global, a diversificação de benefícios de investir nos emergentes vai diminuir. O UBS avalia que os mercados da Ásia continuarão a crescer rapidamente. Mas outros fatores vão contar mais e mais, como transparência e padrões de governança, e nesse caso os países da América Latina estão muito mais adiante do que vários asiáticos, como a China. O estudo do banco suíço reconhece que suas conclusões não têm nada de novo, mas é menos pessimista que a maioria. Outra constatação generalizada, retomada pelo banco, é a expectativa de demanda crescente de novos produtos feitos sob medida. O banco espera, de um lado, que certos setores como agroalimentar e montagem automotiva se desloquem cada vez mais para as regiões com mão-de-obra menos onerosa. De outro lado, setores como ortopedia e bancos vão ter que se adaptar à clientela envelhecida. Novos setores como robótica e equipamentos médicos a domicilio vão se impor para compensar a penúria de mão-de-obra. "Para o Brasil, com excedente de mão-de-obra, população jovem e inovação, só tende a ser beneficiário nesse cenário'', diz Paulo Sergio Tenani, economista-chefe do UBS Wealth Management em São Paulo.