Título: De olho na inflação
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 03/06/2010, Economia, p. 15

Ministro interino da Fazenda garante que governo tomará medidas para manter os preços sob controle

O ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que o governo continua atento à inflação e, por isso, tem adotado medidas necessárias para alcançar a meta estabelecida este ano, de 4,5% ¿ podendo variar dois pontos para cima ou para baixo. Entre as ações tomadas pelo governo, Barbosa destacou o aumento dos depósitos compulsórios dos bancos, mecanismo que obriga as instituições a recolherem no Banco Central um percentual de todo o dinheiro recebido dos clientes. A declaração acontece na semana anterior à reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), que decidirá o valor da taxa básica de juros, a Selic.

Barbosa lembrou que a inflação atual foi gerada por choques não relacionados à demanda e citou como exemplo a elevação do preço dos alimentos após um período de chuva, o que diminuiu a oferta. ¿O governo tem que tomar medidas para que esse choque temporário não cause uma aumento persistente da inflação¿, disse. Ele enfatizou que as ações da política monetária visam ao retorno da inflação para o centro da meta, frisando que já existe uma forte desaceleração dos índices para o consumidor, com queda nos preços dos alimentos, embora, no atacado, tenha havido um movimento contrário devido ao aumento do preço do minério de ferro.

Outra componente importante da política monetária destacada por ele durante o 10º balanço do PAC foi a taxa de juro real (juros menos inflação). Ele explicou que a taxa esperada pelo mercado atingiu, antes da crise, 9,2% ao ano, caindo para 4,8% durante os momentos de turbulência e passou, agora, devido à elevação dos juros pelo BC, para 6,2%. ¿Certamente ela atingirá o nível pré-crise e ficará flutuando entre 5 e 10 pontos percentuais neste ano, com tendência de queda. No fim de 2002, a taxa real de juros do Brasil estava flutuando entre 15% e 20%. Hoje, ela está entre 5% e 10%¿, afirmou. Mesmo com essas oscilações, o ministro acredita que a tendência da taxa real de juros no Brasil é de queda, podendo ficar inferior a 5% até 2014.

Mais renda Para Barbosa, o crescimento da economia é sustentável , baseado no mercado interno em função da oferta de emprego. Em 2003, a taxa de desocupação se aproximou de 13% da população economicamente ativa e em 2010 caiu para 6,8%. ¿O mercado de trabalho tem sustentado a expansão do consumo no Brasil no últimos meses¿, disse. Esse movimento vem sendo puxado pela ampliação do crédito, que subiu de 29% do PIB no fim de 2006 para 45% este ano. Ele atribuiu o bom desempenho da economia nos últimos anos às iniciativas de investimentos no Brasil, como os do governo federal e das estatais, vitais para minimizar a queda da atividade econômica no período mais agudo da crise.

US$ 250 bilhões de reservas Pela primeira vez na história, as reservas internacionais do país ultrapassaram a barreira dos US$ 250 bilhões. De acordo com o Banco Central (BC), na segunda-feira elas chegaram a US$ 250,349 bilhões, US$ 503 milhões sobre o montante do dia anterior. As reservas internacionais do Brasil são uma espécie de colchão de segurança, uma vez que disponibiliza recursos em caixa. Há cerca de quatro anos, a autoridade monetária anunciou sua política de fortalecer as reservas internacionais, comprando dólares no mercado à vista. Neste período, por conta da crise internacional, parou de adquirir a moeda americana apenas no fim de 2008 ¿ quando precisou vender as divisas no mercado para injetar liquidez no país ¿, mas retornou com força em maio de 2009, movimento que se matém até hoje.