Título: Argentina prepara ofensiva para atrair turistas brasileiros
Autor: Rocha , Janes
Fonte: Valor Econômico, 29/07/2009, Internacional, p. A18

As associações de empresas do setor turístico argentino (agências de viagens, hotéis, restaurantes e companhias aéreas), junto com o Improtur, instituto estatal de turismo argentino, vão lançar em agosto uma campanha para recuperar o setor, que sofreu uma queda de 30% nas reservas da temporada de inverno. O foco da campanha são os brasileiros, que representam o maior contingente de turistas estrangeiros ao país nessa época. Na temporada de inverno, que vai de junho a setembro, o fluxo médio de turistas brasileiros é da ordem de 400 mil, dos quais a maioria (cerca de 300 mil) busca os destinos de neve: Bariloche, Villa Angostura e Ushuaia, segundo dados do Improtur.

Além de descontos de 20% a 30% em reservas e passeios, haverá promoções do tipo jantares e excursões grátis, uma diária de hotel grátis a cada duas pagas, entre outros. Segundo a Câmara Argentina de Turismo (CAT) e a Associação Argentina de Agências de Viagens e Turismo (AAAVYT) as companhias aéreas também vão conceder descontos e a Aerolíneas Argentinas vai abrir o pacote de ofertas. Os turistas brasileiros que viajarem pela companhia aérea estatal terão as mesmas facilidades que os argentinos e estrangeiros residentes têm normalmente (e que não são extensivos a estrangeiros e não residentes): a cobrança de tarifas em pesos argentinos e promoções como, por exemplo, para cada dois passageiros que viajam juntos, um paga 100% e o outro 50% da tarifa. "A tarifa em pesos argentinos já representa uma vantagem equivalente a um desconto de cerca de 30% para os brasileiros, pela diferença cambial (porque o peso argentino vale menos que o real)", diz Ricardo Roza, presidente da AAAVYT.

Roza disse que a intenção é recuperar o setor que este ano foi alvo de uma "tormenta" causada pela soma de vários fatores negativos: a crise internacional, a desvalorização das moedas dos países vizinhos, maior que a do peso argentino em relação ao dólar, e a perda de competitividade do setor internamente por causa da alta dos preços em dólares, também superior à desvalorização da moeda local. Mas a pior a catástrofe para o turismo argentino foi gripe suína. Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, de 13 de julho, havia 3.056 infectados em todo país e 137 mortos, o maior número de toda América Latina.

A campanha envolverá 1.600 agências de viagens locais e dez entidades de classe reunindo a quase totalidade de hotéis, empresas de convenções e congressos, restaurantes e aluguel de automóveis. Segundo Juan Mirenna, presidente da Câmara Argentina de Turismo, haverá uma campanha publicitária no Brasil que está em fase de contratação pelo Improtur. O mote da campanha será afastar o medo dos brasileiros com a gripe suína. "Se trata de mostrar a realidade, não há motivo para pânico porque a pandemia está completamente controlada na Argentina", diz Mirenna.

A área mais prejudicada pelo cancelamento de reservas de turistas brasileiros foi a de Bariloche, que já registrou queda pela metade dos 45 mil turistas que costumam chegar à estação no mês de julho.