Título: CCJ aprova convite para depoimento de Lina
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 13/08/2009, Especial, p. A20

PSDB e DEM aproveitaram ontem a ausência dos senadores do PT na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para aprovar um convite à ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira para prestar depoimento. A audiência será na próxima terça-feira. Os partidos de oposição esperam que a ex-secretária confirme a informação, dada por ela à imprensa, de que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, teria pedido para acelerar as investigações sobre empresas da família Sarney.

A estratégia foi colocada em prática por tucanos e demistas no fim da reunião da CPI da Petrobras, na terça-feira, depois que o governo impediu que os senadores votassem requerimento para convocar Lina Maria Vieira. Mesmo assim nenhum senador do PT compareceu ao início da reunião de trabalho da CCJ. Pela manhã a comissão reuniu-se para debater o projeto de minirreforma eleitoral, em audiência pública. Na sequência, na leitura da pauta, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), presidente da comissão, apresentou o requerimento de autoria do senador Antonio Carlos Magalhães Jr (DEM-BA), pedindo o convite da ex-secretária da Receita Federal. O senador do DEM relatou que o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), havia pedido, pelo telefone, para que não votassem o requerimento. A oposição preferiu aproveitar a ausência do PT.

Mercadante reclamou da manobra dos oposicionistas. Mas já era tarde e senadores do PSDB e DEM comemoravam a estratégia, muito embora ela tenha muito pouco efeito prático, na avaliação dos governistas - não há como dizer em que Dilma pensava, se efetivamente deu a ordem: acelerar as investigações para favorecer ou para esclarecer de vez a situação de Sarney. "Quem mandou não vir trabalhar", ironizou o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). "A ministra Dilma desafiou Lina e agora vamos tentar esclarecer o que aconteceu", comentou o senador ACM Jr.

A ex-secretária afirmou que teve um encontro com Dilma e que a ministra teria pedido a ela para agilizar investigação sobre empresa de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Dilma disse que o encontro não existiu, tampouco o pedido.

A oposição tentará, depois do depoimento de Lina, convidar a ministra da Casa Civil a prestar esclarecimentos. O líder do PT no Senado evitou comentar a contradição de versões apresentadas por Lina e por Dilma. "Temos toda confiança na ministra", disse Aloizio Mercadante.