Título: Emissão de gás carbônico por termelétricas dobra em 13 anos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/08/2009, Brasil, p. A2
O forte aumento da quantidade de gás carbônico (CO2) gerado pelas termelétricas, de 1994 para 2007, foi um dos dados de destaque dentro do quadro das emissões por combustíveis fósseis e processos industriais apresentado ontem pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Essa modalidade de geração de energia, que emitiu 10,8 milhões de toneladas de CO2 há 13 anos, foi responsável por jogar cerca de 24 milhões de toneladas do gás na atmosfera em 2007. O aumento foi de 122%.
"Nossa matriz continua sendo muito limpa, porque ainda é muito baseada na hidroeletricidade, mas há um aumento significativo das termelétricas. Então, nós temos que agilizar as hidrelétricas, incentivar a eólica (energia dos ventos) e a solar e impedir que continue o aumento das termelétricas, que significará sujar a nossa matriz e torná-la mais cara também", disse Minc.
O estudo das emissões de CO2 , feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), compara os dados relativos à emissão do gás na indústria e no setor de energia.
Minc ressaltou a diferença da relação entre o aumento da geração de energia elétrica no país de 1994 a 2007 e o aumento das emissões de CO2. Enquanto no primeiro a relação foi de 71%, no segundo chegou a 122%. O resultado final foi que a produção de energia elétrica se tornou 30% mais poluente em gás carbônico.
Levando em conta todos os segmentos responsáveis pelas emissões de CO2 , tendo como fonte os combustíveis fósseis e os processos industriais, o aumento foi de 49% e, segundo a estimativa, passou de 225,2 milhões de toneladas para 334,6 milhões de toneladas emitidas.
Outro setor que mereceu destaque foi o de transportes, que, no período analisado, passou de 94,3 milhões de toneladas de CO2 emitidas para 146,8 milhões de toneladas, um aumento de 56%. O meio rodoviário, que, em 1994, representava 88% do total de emissões, em 2007 elevou sua participação para 90%. Já o hidroviário teve queda de 4% para 3%.
"Enquanto outros países estão se encaminhando cada vez mais para outras formas, no Brasil o "rodoviarismo" não só não diminuiu como aumentou. Isso aponta para a importância de se investir no transporte público, das ferrovias, das hidrovias e mais biodiesel no diesel, mais flex, mais etanol, mais eficiência", avaliou o ministro.
O levantamento, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, tem o objetivo de fornecer estimativas atualizadas das emissões de gases de efeito estufa do Brasil como subsídio para o planejamento de políticas públicas. Além de energia e indústria, também serão feitas estimativas de setores como agropecuária e florestas.