Título: G-20 não encontra soluções para crise
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Fonte: Correio Braziliense, 06/06/2010, Economia, p. 17

Autoridades econômicas não decidem sobre proposta dos Estados Unidos pela taxação de bancos. O Brasil é contra a medida. Elas apenas pediram pressa no ajuste fiscal por parte dos países endividados

Buzan ¿ Os ministros das Finanças do G-20, grupo das 20 economias mais industrializadas do mundo, encerraram ontem a reunião que vinha sendo realizada na Coreia do Sul sem definir uma proposta para taxar as instituições que precisaram ser socorridas pelos governos para não quebrarem durante a crise do subprime (títulos podres vinculados a hipotecas de imóveis norte-americanos). Na declaração, os ministros limitaram-se a afirmar que o setor financeiro deve fazer uma ¿contribuição justa e substancial¿ a futuros pacotes de resgate financeiros de economias que estão perto da insolvência.

Na expectativa de acalmar os mercados, afetados na última sexta-feira pela ameaça de calote na Hungria e por boatos de mais prejuízos do banco francês Société Générale, os ministros chamaram a atenção para a recuperação econômica global e reconheceram que os deficits orçamentários precisam ser combatidos imediatamente. ¿Os países com desafios fiscais precisam acelerar o ritmo da consolidação. Celebramos os anúncios recentes de alguns países para reduzir o deficit fiscal em 2010 e fortalecer as instituições financeiras¿, declarou o G-20, em comunicado final do encontro.

A tese de um imposto sobre bancos foi defendida pelos Estados Unidos e pela União Europeia, mas enfrentou oposição de países emergentes, como o Brasil, e desenvolvidos, como Canadá e Austrália. Para os analistas, a declaração sinaliza diretrizes mais rígidas a respeito da quantidade de capital que os bancos devem manter em reserva. Os ministros do G-20 também pediram mais transparência, regulamentação e supervisão para fundos hedge, agências de crédito, práticas indenizatórias e transações de derivativos. O encontro foi uma prévia da reunião dos líderes do G-20 em Toronto, Canadá, marcada para 26 e 27 de julho.

Contas Públicas Na reunião da Coreia, os ministros evitaram fazer referências específicas aos problemas enfrentados pelos países da Zona do Euro, que ficaram na berlinda por causa da frágil situação das contas públicas da Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália. Com as turbulências da sexta-feira, o euro caiu para o patamar mais baixo em quatro anos, em parte pelas preocupações de que a Hungria poderá enfrentar uma crise semelhante à da Grécia. No fim do encontro, o ministro alemão, Wolfgang Schaeuble, afirmou que houve concordância de que o esforço para se cortar deficits orçamentários era inevitável.

O ministro alemão disse também que os Estados Unidos e outros membros do G-20 defenderam um aumento da demanda. ¿Houve opiniões diferentes sobre isso¿, admitiu. Numa carta enviada aos ministros na quinta-feira, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, sugeriu medidas para estimular a demanda em países como Japão, Alemanha e China, onde há superavits.

Quanto à reforma financeira global, outro tema prioritário em Busan, os ministros reafirmaram novembro como prazo para a definição de regras para desencorajar a tomada excessiva de risco por parte de bancos, uma das raízes da crise da crise dos subprime iniciada em 2008. Segundo o G-20 o objetivo é implantar novos padrões até o fim de 2012.